O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, depõe nesta quinta-feira em um Legislativo esvaziado diante de uma plateia amplamente favorável às suas explicações. A Comissão Representativa do Congresso Nacional tem 24 integrantes, sendo 20 da base de apoio ao governo e apenas quatro filiados a partidos de oposição ao Planalto. Com pouca força no plenário, os oposicionistas buscaram outros meios para pressionar Bezerra: o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), protocolou ontem na Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação por improbidade administrativa contra o ministro.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ligou ontem direto para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para confirmar o depoimento de Bezerra para amanhã, já que as primeiras informações davam conta de que a reunião seria apenas para decidir a convocação do ministro. “O Sarney me confirmou a audiência, já que foi o próprio ministro quem demonstrou disposição para falar”. Dias conversou com com o líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e o convocou para vir a Brasília.
O senador tucano também pediu à assessoria do PSDB que levante todas as informações sobre o caso, incluindo os projetos contra enchentes apresentados pelos estados e municípios. “Vamos cobrar do ministro explicações sobre o privilégio a Pernambuco em detrimento de outros estados e as denúncias de favorecimento a parentes de Bezerra”, completou. Ontem, o Diário Oficial publicou a exoneração de Clementino Coelho, irmão do ministro Fernando Bezerra, do cargo de presidente da Codevasf. Ele deixou o cargo após denúncia do Correio de irregularidades na compra de cisternas de plástico.
Gráficos e planilhas
Mesmo com o cenário favorável, o Ministério da Integração Nacional agiu intensamente ontem para municiar os parlamentares aliados. Técnicos da pasta reuniram-se com assessores da liderança do PSB na Câmara para disponibilizar projetos, gráficos, planilhas de liberação de emendas e todas as informações necessárias para ajudar no trabalho de defesa de Bezerra. Segundo apurou o Correio, a Casa Civil também estaria ajudando nesse processo, já que coube à pasta, desde o primeiro momento, a missão de gerenciar a crise. Além disso, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, só retorna aos trabalhos na próxima semana.
O Diretório Nacional do PSB acompanha de longe as movimentações de Bezerra, basicamente, por duas razões: a primeira é que a legenda avalia que o ministro tem dado todas as explicações e que envolver o Diretório Nacional nessa ação seria trazer novamente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para o centro do debate.