Jornal Estado de Minas

Cenário eleitoral em Juiz de Fora é nebuloso mas indica polarização entre PSDB e PT

Disputa em Juiz de Fora tem como nomes certos apenas o prefeito tucano Custódio Mattos e a petista Margarida Salomão. Outros três, entre eles o ex-prefeito Bejani, correm por fora

Juliana Cipriani

A menos de nove meses da sucessão municipal, o cenário político em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, é ainda nebuloso para os 377,1 mil eleitores. Por enquanto, certos na disputa estão somente o prefeito Custódio Mattos (PSDB), que busca a reeleição, e a ex-reitora da universidade federal da cidade (UFJF), Margarida Salomão (PT), que disputou com o tucano o segundo turno em 2008. Outros três nomes possíveis correm por fora com a proposta de se tornar uma terceira via ou opção à polarização entre os rivais: os deputados federal Júlio Delgado (PSB), estadual Bruno Siqueira (PMDB) e até o ex-prefeito Alberto Bejani (PSL).

Depois de uma frente de mais de 10% dos votos sobre Custódio no primeiro turno, Margarida foi derrotada na segunda etapa da eleições. Agora, o clima nas pesquisas pré-eleitorais é mais uma vez de vantagem para a petista, com a gestão tucana mal avaliada entre a população. Para anular a desvantagem, Mattos diz contar com o apoio de pelo menos 10 partidos que estiveram com ele há quatro anos.

Com uma administração apagada, pesa contra o tucano o fato de algumas promessas da última campanha não terem sido cumpridas. “Pretendo concluir cada um dos itens”, justifica. O prefeito disse contar com seus feitos à frente da prefeitura para viabilizar sua reeleição. “Estamos esperando o quadro se definir para ver quem realmente será candidato. Minha preocupação é terminar bem o mandato”, disse.

Margarida Salomão foi confirmada pré-candidata em dezembro e, como em raras vezes, conseguiu unir o PT de Juiz de Fora. Apesar de sempre dar expressivas votações para o partido em eleições nacionais, o PT nunca governou a cidade e vê na ex-reitora uma possibilidade. “Nossa posição é de expressar uma unidade construída de forma democrática que possa representar a transformação”, disse a pré-candidata, que conta com a insatisfação com a atual administração a seu favor. Margarida disse contar com a presidente Dilma Rousseff (PT) como cabo eleitoral.

Apoio dobrado


Se há apoio de peso de um lado, pelo PSDB, o governador Antonio Anastasia e o senador Aécio Neves estarão com a candidatura de Custódio. Mas não é a única alternativa. Eles ainda podem impedir a vitória do PT com dois outros possíveis nomes: Bruno Siqueira ou Júlio Delgado. Apesar de um ser do PMDB e outro do PSB, ambos são aliados de Aécio.

Mas só uma das candidaturas deve sobreviver. Isso porque uma eventual participação de Delgado poderia dividir os peemedebistas. Júlio é filho de Tarcísio Delgado, um dos principais nomes do PMDB na cidade, que traz consigo uma ala importante do partido. Já Bruno Siqueira, filho do ex-deputado Marcelo Siqueira, é herdeiro da política do ex-presidente Itamar Franco, morto no ano passado. Ele teve uma expressiva votação para deputado estadual.

“A verdade é que não há espaço para os dois. Vamos buscar uma composição. Se formos separados corremos o risco de repetir a polarização entre PT e PSDB na eleição”, afirmou Júlio Delgado. O socialista disse que vai procurar Bruno Siqueira para tentar uma candidatura forte. Apesar da disposição de uma só candidatura, Delgado diz que o nome ideal seria o dele, já que tem mais “estrada” e “contribuição” para a política em seus mandatos. “Ele ainda está no primeiro.”

Se Júlio Delgado fala em composição, Bruno Siqueira o ignora. O peemedebista afirmou que o colega é “um grande deputado federal”, mas não pode falar em candidatura por ele não ser do PMDB. Integrante da executiva do partido, Siqueira garante que o PMDB terá candidatura própria por determinação regional. “Não existe a possibilidade de o partido não ter candidato e isso passa pelo meu nome”, afirmou, delegando a condução do processo ao presidente do partido em Minas, Antônio Andrade.