O presidente nacional do PT, Rui Falcão, tem posição no debate interno do PT sobre a sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte: defende a reedição da aliança com o PSB, de Marcio Lacerda. Os argumentos: há um projeto de governo bem-sucedido, em aliança entre petistas e socialistas, iniciado em 1993 eque deve continuar. “Como é que se explicaria para a sociedade um rompimento?”, indaga. Além disso, no plano nacional, o PSB é um partido estratégico para o PT, que integra e dá sustentação ao governo Dilma. “Temos uma política nacional de aliança com o PSB”, diz, afirmando que a presença do PSDB na aliança seria um elemento “perturbador”, mas não “fundamental”.
O PT de Belo Horizonte está rachado em relação á candidatura própria à sucessão de Marcio Lacerda. Qual é a posição da Executiva Nacional em relação à sucessão na capital mineira?
Belo Horizonte vive um processo de continuidade que vem de 1993 para cá. Há um mesmo bloco de força política governando a cidade com determinada orientação. Não há mudança profunda de uma gestão para a outra. Essa linha de continuidade deveria ser assegurada. É preciso avaliar o critério daqueles que pretendem interromper essa linha de continuidade. Como é que se explicaria para a sociedade um rompimento? Além disso, temos um olhar nacional para a repercussão disso em alianças em outras capitais. O PSB é um partido estratégico, que vem nos acompanhando eleições nacionais e faz parte da sustentação e integra o governo Dilma. Temos uma política nacional de aliança com o PSB.
O PT nacional vai negociar o apoio ao PSB em BH em troca da sustentação dos socialistas em outras capitais?
Não diria negociar, mas a direção nacional precisa ter a preocupação sim de discutir com o PSB o apoio em outros locais, uma vez que temos uma política nacional de aliança com o PSB.
A partir desses argumentos, o sr. diria, portanto, que a direção nacional deseja ver o PT apoiando a sucessão de Lacerda?
Mais do que desejo, há uma intenção política da direção nacional, de que haja continuidade do governo PT/PSB que vem desde 1993. É importante que haja o encontro de tática para que o debate seja aprofundado.
Lacerda tem declarado que deseja o apoio formal do PSDB, diferentemente do que ocorreu em 2008, quando os tucanos sustentaram informalmente a sua candidatura. Como o PT nacional lida com isso?
Isso pertuba o debate, mas não é definidor. Fundamentais são os dois pontos que salientei. De qualquer forma, a presença do PSDB será debatida num segundo momento. Não agora. Até porque ainda não definimos no encontro partidário se manteremos a aliança. O nosso congresso nacional proibiu que o PT apresente chapa com PPS, DEM e PSDB. Chapa é prefeito ou vice. Em tese não há nenhuma proibição nas normas do PT para que haja coligação na qual o PSDB esteja presente, desde que não participe da chapa, como é o caso de Belo Horizonte, onde o PT apresentaria o candidato a vice e a cabeça é do PSB.
Se em 2014 o senador Aécio Neves (PSDB) for candidato à Presidência da República, qual será, em sua opinião, o posicionamento político de Lacerda?
Nem falei de Aécio, mas consultei Marcio Lacerda e ele me disse que seguirá a orientação do PSB. Para mim é resposta satisfatória, que marca o compromisso dele com o seu partido.
E como estará o PSB em 2014? Terá candidatura própria como já anunciou Ciro Gomes?
Confio que o PSB estará com a Dilma. Não acho que terá candidatura própria. Todas as atitudes de Eduardo Campos (governador de Pernambuco) são na direção da tese da continuidade da aliança e do governo que vem dando certo. Repetidas vezes tem manifestado essa opinião, o que não significa que o PSB não tenha projeto próprio, não queira crescer. O PSB quer crescer, não tem tutela, mas tem compromisso com o governo Dilma. Acho que o PSB estará alinhado com a candidatura.