A lentidão do governo federal na prevenção de desastres naturais gerou um prejuízo de pelo menos R$ 6,7 bilhões nos últimos três anos ao país. A estimativa foi feita pelo Estado de Minas com base no cálculo do próprio secretário nacional da Defesa Civil, Humberto Viana. Segundo ele, a cada R$ 1 investido em programas de prevenção R$ 7 seriam economizados em ações de resposta às tragédias. O preço do descaso é referente aos R$ 967.321.846,71 prometidos e não pagos pela União ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Drenagem desde o seu lançamento, em junho de 2009.
Mas a estimativa não tem sido levada em conta pelos ministérios das Cidades, da Integração Nacional e da Saúde na execução do PAC da Drenagem, uma das principais ações da União para municípios que sofrem constantemente com enchentes e inundações. Desde junho de 2009 – quando o programa foi anunciado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, já foi prometido para a pasta R$ 1,6 bilhão. Mas apenas R$ 683 milhões foram pagos. A diferença entre o prometido e pago pelo governo federal, multiplicada por sete, com base na estimativa do secretário, revela que os cofres públicos podem ter perdido R$ 6,7 bilhões nos últimos três anos.
Parte desse prejuízo pode ser contabilizado só pelas primeiras ações de resposta aos desastres causados pelas chuvas deste ano. Nesta semana, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou a liberação de R$ 75 milhões para serem gastos em restabelecimento de municípios do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em entrevista coletiva na semana passada, depois de conversa com o governador Antonio Anastasia (PSDB), Bezerra atribuiu a falta de investimento em prevenção à questão cultural. “Só agora que o governo da União, estados e municípios estão se preocupando em evitar os desastres”, disse.