Na semana passada, Dilma reuniu-se com Lula, em São Paulo, para ouvir a opinião dele sobre as mudanças que pretende promover na Esplanada dos Ministérios. No Hospital Sírio-Libanês, onde é submetido a sessões de radioterapia, no combate a um câncer de laringe, o ex-presidente tem recebido a visita nas últimas semanas de ministros, alguns deles que devem estar envolvidos na reforma ministerial, como o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante. O cientista político Marco Antonio Teixeira não acredita que o ex-presidente deve indicar nomes, mas ajudar na construção de perfis para os ministérios.
Teixeira avaliou ainda que a reforma ministerial permitirá que a presidente componha uma equipe ajustada ao seu perfil gerencial. Ele ressaltou, contudo, que as mudanças serão feitas de maneira que não prejudiquem a governabilidade. "Ela vai até o limite de que suas escolhas não afetem as relações com a base aliada e não coloquem em risco os interesses do governo federal dentro do Congresso Nacional". Na reforma ministerial, segundo o analista político, a presidente deverá direcionar as suas escolhas para perfis mais técnicos, mas que tenham, na medida do possível, alguma vinculação política dentro de suas respectivas legendas.
O analista político considerou também pouco provável que as mudanças na Esplanada dos Ministérios sirvam para ampliar espaço para aliados como o PMDB e o PSB, insatisfeitos com a sua atual participação no governo federal. "O que pode haver é uma reacomodação de forças, um remanejamento de pastas sem que haja perdas para um ou para outro". Na avaliação dele, algumas siglas que podem sair menores da reforma ministerial são o PDT e o PR. Os ministérios do Trabalho e dos Transportes, à frente dos quais estão as duas siglas, foram alvo de escândalos durante o primeiro ano do governo Dilma Rousseff.