Um ano depois de tomar posse para o seu segundo mandato, o governador Antonio Anastasia (PSDB) começa nas próximas semanas a fazer as primeiras mudanças no secretariado. Apesar da discrição do governador em tratar o tema, o que tem deixado aliados em suspense, quatro mudanças são certas. A primeira delas: o secretário da Defesa Social, Lafayette Andrada (PSDB), retornará à Assembleia, reivindicando assumir a liderança do governo, em substituição a Luiz Humberto Carneiro (PSDB), candidato a prefeito de Uberlândia. Moacyr Lobato de Campos Filho, controlador geral do Estado, também não permanecerá no cargo. Ele pretende trabalhar pela vaga de desembargador no Tribunal de Justiça de Minas.
O presidente estadual do DEM, Gustavo Corrêa, afirma: “Os cargos são do governador e a decisão cabe a ele. Mas, como aliados de primeira hora, os democratas esperam que Melles não deixe a pasta. Se for o desejo do governador, esperamos que o partido se mantenha à frente da secretaria”. Melles desconversa. “Não recebi nenhuma sinalização nesse sentido.” Mas há reclamações de empreiteiros e um certo descompasso entre o ritmo esperado pelo governo e o desempenho da pasta na solução dos problemas. A mudança mais do que esperada e confidenciada pelo governador a uns poucos interlocutores gera cobiça de outras legendas.
Não satisfeito com o espaço que ocupa hoje no governo, o PSD, em recente conversa com Anastasia, explicitou o desejo de ocupar espaço compatível com a bancada de 14 deputados estaduais e federais. Entre as pastas esperadas pela nova legenda estão a Secretaria de Transporte e Obras Públicas e a Secretaria de Saúde. Nesta, entretanto, não há indicação de mudanças. O atual secretário, Antônio Jorge, embora do PPS, tem o apoio de Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB, de quem foi secretário adjunto. Alexandre Silveira (PSD) está satisfeito à frente da Secretaria de Gestão Metropolitana. Mas há entendimento da legenda de que o cargo é periférico e não representa o seu real peso político.
Até o PMDB não se furta a uma composição com o governo tucano. A conversa passaria por uma das duas mesmas secretarias. Seria uma forma de o governo do estado isolar a oposição do PT na Assembleia. Mas é pouco provável que os cargos tão cobiçados por aliados sejam oferecidos ao PMDB. Em meio à briga pela Secretaria de Obras, o nome de um curinga é lembrado, Wilson Brumer, que ontem deixou a Presidência da Usiminas. Brumer descarta: “Gosto muito de Antonio Anastasia, mas o meu tempo de trabalhar em governo já passou”.
As eleições também poderão promover outras mudanças no governo. O principal foco de tensão é Montes Claros. Estão na base de sustentação do governo tucano três potenciais candidatos, dois dos quais secretários de estado – Carlos Pimenta (PDT), secretário de Trabalho e Emprego, e Gil Pereira (PP), secretário de Desenvolvimento dos Vales Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas. Há ainda o deputado federal Jairo Ataíde (DEM), quarto suplente da coligação PSDB/DEM/PP/PPS/PR, que tem enfrentado questionamentos em relação à aprovação de contas de gestões passadas à frente da Prefeitura de Montes Claros.
Prováveis mudanças
Controladoria Geral do Estado
Moacyr Lobato de Campos Filho, tentará entrar na lista tríplice do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para vaga de desembargador
Comando Geral da Polícia Militar
Coronel Renato Vieira de Souza deverá ser substituído pelo Coronel Sant'Ana , atualmente chefe do Estado Maior. Renato Vieira poderá ir para o Tribunal de Justiça Militar ou para a iniciativa privada.
Secretaria de Estado da Defesa Social
Lafayette Andrada (PSDB) retornará à Assembleia, onde pleiteia a liderança do governo, no lugar de Luiz Humberto Carneiro (PSDB), que concorrerá à Prefeitura de Uberlândia.
Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas
Carlos Melles (DEM) deverá retornar à Câmara dos Deputados.
Partidos que pleiteiam espaço
PSD
Apesar de ter 14 deputados, entre estaduais e federais, ocupa uma pasta pouco central, a Secretaria de Estado de Gestão Metropolitana, à frente da qual está o deputado federal Alexandre Silveira, ex-PPS. Em conversa com o governador Antonio Anastasia (PSDB), o PSD reivindicou espaço no governo compatível com o seu peso político. A expectativa da legenda é obter a Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas ou a Secretaria de Estado da Saúde. A tendência é que tudo fique como está.
DEM
Reivindica a manutenção da secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas.
PMDB
A bancada federal do PMDB tem encetado uma aproximação política com o governador Antonio Anastasia (PSDB). Gostaria de participar do governo. Por outro lado, os tucanos percebem a possibilidade de esvaziar a oposição de parte da bancada na Assembleia Legislativa, isolando o PT. A secretaria de Estado da Saúde e de Transporte e Obras Públicas seriam as preferidas do PMDB. Entretanto as pastas são centrais e dificilmente o governador as entregará.
PPS
Não abre mão de manter a Secretaria de Estado da Saúde. Nesse pleito tem o apoio do presidente do PSDB, Marcus Pestana, politicamente ligado ao atual secretário Antônio Jorge (PPS).