Jornal Estado de Minas

Pré-candidatos condenam ocupação da cracolândia

AgĂȘncia Estado
Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo do PMDB e do PCdoB, deputado Gabriel Chalita e vereador Netinho de Paula, respectivamente, condenaram nesta quarta-feira a ocupação policial da cracolândia, na região central da cidade. Em debate promovido pela Rede Nossa São Paulo durante a manhã, os pré-candidatos criticaram a falta de coordenação com o governo federal e classificaram a operação de "desorganizada" e "desastrosa". "Acho que o prefeito (Gilberto Kassab) e o governador (Geraldo Alckmin) deveriam procurar a presidente da República (Dilma Rousseff) e buscar uma decisão real e não midiática. Colocar a polícia num lugar e tirar as pessoas para que elas possam ir para outros lugares é uma ação errada no conceito. A gente vai higienizar essas pessoas, vai jogá-las fora?", disparou Chalita.
O encontro dos pré-candidatos e representantes do partidos visava discutir o resultado da pesquisa Ibope sobre a percepção dos paulistanos sobre a cidade de São Paulo. Segundo o levantamento, 56% dos paulistanos gostariam de deixar a cidade. O pré-candidato do PT, ministro Fernando Haddad, foi representado pelo presidente do diretório municipal, vereador Antonio Donato. PTB e PSDB não enviaram nenhum representante.

Chalita, que foi o primeiro a falar, afirmou que a cracolândia é apenas "a ponta de um iceberg mais complexo". Aos jornalistas, o peemedebista destacou que o tratamento de um viciado em crack pode levar até um ano e alertou que a ausência de um lugar para tratamento adequado aos dependentes é a "questão primordial que não foi resolvida" nem pelo Estado nem pela Prefeitura. "As pessoas que estão na cracolândia, que querem ser internadas e resgatar sua dignidade, não têm para onde ir. Levar pessoas viciadas em crack para albergues ou hospitais não resolve o problema", apontou. Na opinião do pré-candidato do PMDB, faltou organização para uma atuação conjunta que fosse efetiva. "Um problema de 20 anos não se resolve em um dia com a ocupação da polícia", opinou.

Netinho de Paula também criticou a ausência de articulação entre as três esferas de poder. "Foi, de certa forma, desarticulada e desastrosa", disse. Para o vereador, a opção pela ocupação imediata foi uma decisão política respaldada por pesquisa de opinião pública. "Baseada em pesquisa tomaram essa atitude e isso foi um grande equívoco", avaliou.

O PSOL, que ainda não definiu quem será seu candidato, foi representado pelo presidente do diretório municipal, Maurício Costa, que também se manifestou contra as ações de repressão na cracolândia. "Aqui temos de fazer um repúdio à política da cracolândia, que é uma política combinada com o governo do Estado, que não teve vergonha em dizer que fazia a política da dor e do sofrimento", protestou. Já o PT, que foi duramente criticado na última segunda-feira durante debate dos pré-candidatos tucanos, não tocou no assunto. "Não é esse tipo de debate que a gente quer. A gente quer propostas políticas para a cidade", tergiversou Donato.