Lula sempre defendeu a habilidade política de sua chefe da Casa Civil. No governo do ex-presidente, não foram poucos os que duvidaram de seu faro ao apostar em Dilma, principalmente pelo jeito durão da presidente. Muitas vezes tornado público pelas cobranças que faz de forma ríspida, esse seu lado definitivamente é uma característica dela como política. "É o jeito dela. As pessoas estranham, reclamam, mas é algo com que se aprende a lidar", explica um funcionário do Planalto que atende à presidente.
Rose não sabe dizer se foram as experiências de vida ou atributos intrínsecos a Dilma que a moldaram. "Acho que é um conjunto. São características que a pessoa traz consigo, mas também o que ela passou. A luta de resistência forma um espírito mais calejado", define.
Outra característica da presidente, de conhecer com profundidade os meandros da administração pública, também é um exemplo cuja origem é desconhecida. Afinal, Dilma sempre foi estudiosa. Da mesma forma que hoje chega a corrigir técnicos especialistas, chamava a atenção na prisão pela paixão pela leitura. Devorava tanto literatura brasileira quanto obras mais politizadas. Levou a mesma curiosidade para a área de Minas e Energia, o que a projetou para integrar o primeiro governo Lula.
Lado emotivo Mas o racionalismo e a dureza não impedem a presidente de ter seus momentos de ternura. É comum que ela se emocione em eventos públicos, ao assinar leis ligadas à área social ou a temas de Direitos Humanos. Sua menção aos "brasileirinhos" mortos no massacre em Realengo, em abril do ano passado, mostrou com mais força o lado emotivo de Dilma. "A cultura dela e do Lula é ligada às pessoas, ao dia a dia. Eles sabem o que é ir à padaria, sabem quanto custa um pãozinho", derrete-se Rose Nogueira.
Na centralização de poder, porém, os dois são bem diferentes. Tão logo um integrante de seu ministério passa a ser chamado de "superministro", pelo acúmulo de poder no governo, eles mesmos correm para desmentir o que tacham de exagero. Dilma não gosta de ter sombras, nem subordinados que falem muito. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, dava muito mais declarações e entrevistas no governo Lula do que faz na gestão de Dilma. Ao assumir o cargo, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, recebeu ordem explícita da presidente de não dar entrevistas. "Seu cargo não é para falar", teria ordenado a presidente. O silêncio de Gleisi mostra que Dilma pode ficar tranquila. A chefe da Casa Civil tem cumprido à risca a determinação.