O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), pode anunciar hoje aos vereadores qual será sua posição sobre o reajuste de 61,8% no salário dos eleitos para a próxima legislatura da Câmara Municipal, aprovado no apagar das luzes do ano passado. Depois de dizer que a promulgação da lei – quando o Executivo não sanciona nem rejeita a proposição – era uma das opções, ele recuou e disse que não ficará em cima do muro. O aumento no contracheque dos parlamentares foi mais uma vez alvo de protesto ontem. O músico Gabriel Guedes escolheu a Praça do Papa, um dos cartões-postais da capital: “Os vereadores deveriam prestar mais atenção na população do que no bolso deles”.
Foram convocados para a reunião o líder de governo, Tarcísio Caixeta, o presidente em exercício, Alexandre Gomes (PSB), e o secretário-geral da Mesa, Cabo Júlio. Conforme o Estado de Minas antecipou, Lacerda caminha para um veto técnico, alegando inconstitucionalidade dos termos em que o reajuste foi votado. Segundo equipe técnica da PBH, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) estabeleceu que a lei sobre o reajuste deve fixar o valor do salário, e não apenas a vinculação de 75% ao subsídio dos deputados estaduais, como registra o projeto.
Ao som de Beethoven, Gabriel atraiu curiosos na Praça do Papa, que acabaram se tornando também manifestantes. “Estou acompanhando esse aumento dos vereadores com uma imensa sensação de impotência. Prefiro acreditar que é melhor tentar fazer barulho do que ficar calado. Vamos ver se eles mudam de ideia ou o Lacerda rejeita a proposta”, afirmou o estudante de administração Felipe César Viana, de 22 anos.