Dentro do conjunto de mudanças que vai anunciar nos próximos dias para a Defesa Social, o governador Antonio Anastasia formalizou ontem a troca do comando da Polícia Militar de Minas Gerais. O coronel Renato Vieira de Souza deixará o cargo depois de amanhã, quando completará 30 anos de serviço público, e será transferido para o quadro de oficiais da reserva. O novo comandante geral da PM será o coronel Márcio Martins Sant’Ana, atualmente chefe do Estado-Maior. Para o lugar de Sant’Ana, está cotado o assessor institucional da PM, coronel Divino Pereira de Brito.
Anastasia gostaria de colocar à frente da Secretaria de Estado da Defesa um perfil mais técnico para levar adiante a unificação das polícias. O processo está em momento delicado, em decorrência da escalada de incidentes com morte no confronto entre as polícias. O nome de sua preferência é o do procurador de Justiça Rômulo de Carvalho Ferraz. O procurador nega que tenha sido convidado.
Se ocorrer a mudança na Defesa Social, Lafayette Andrada retornará à Assembleia Legislativa, onde há novo problema político a ser aplainado. A função de liderança do governo na Casa tem sido cogitada para prestigiar Lafayette Andrada, uma vez que o atual líder, Luiz Humberto Carneiro (PSDB), é pré-candidato à Prefeitura de Uberlândia. Mas há grande resistência entre deputados da base aliada ao nome de Lafayette Andrada. Os parlamentares preferem Bonifácio Mourão (PSDB) na função, considerado afável e um firme negociador.
Obras
Enquanto na Defesa Social se concentra o foco da reforma do secretariado, são também esperadas outras mudanças pontuais. Na mira está o secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas, Carlos Melles (DEM), que teve muitas dificuldades com o empresariado e agora trabalha para permanecer no cargo. Melles tem mantido estreita interlocução com a cúpula nacional do DEM, aliada do senador Aécio Neves (PSDB). Melles tenta – e já conseguiu – declarações públicas de apoio do ex-presidente Rodrigo Maia (RJ) e do presidente, ACM Neto (BA), além de pedidos de apoio a Aécio, para que a pasta se mantenha com os democratas. Ainda que Melles volte para a Câmara dos Deputados, tirando a cadeira de Jairo Ataíde (DEM), os democratas pleiteiam a manutenção da secretaria.
Um nome técnico é o que desejaria o governador para as Obras Públicas. Mas, antes mesmo de Melles deixar a função, o PSD e o DEM já brigam pela posição. De um lado, os democratas reiteram o fato de serem apoiadores leais de primeira hora e, nesse sentido, precisariam ser contemplados com uma pasta “de peso” no governo. Por outro, o PSD contra-ataca. Depois de se reunirem na semana passada, os 14 deputados estaduais e federais da nova legenda tiraram uma posição comum: consideram que as únicas pastas no governo que refletem o seu tamanho nas casas legislativas são a Secretaria de Transportes e Obras Públicas e a Secretaria de Saúde.
Ao argumento de que o DEM perderia espaço, os pessedistas retrucam rapidamente: o DEM “encolheu” e já tem a Secretaria da Agricultura, com Elmiro Braz, além de ter tido acomodados três deputados federais que estavam na suplência.
Apesar da guerra de foice pelas pastas de Obras e da Saúde – que concentram recursos e muitas ações – a tendência é de que nem o PSD nem os democratas fiquem com o que desejam. Ao PSD, o governador deverá dar além da Secretaria Extraordinária de Gestão Metropolitana, comandada pelo deputado federal Alexandre Silveira , uma outra pasta menor, do porte da secretaria de Esportes e da Juventude, por exemplo.