Jornal Estado de Minas

Auditores do Trabalho fazem manifestação após oito anos da chacina de Unaí

Maria Clara Prates
Protesto contra sete anos de impunidade do assassinato de quatro seridores federais em Unai (MG), em 2004 - Foto: Euler Junior/EM 28/01/2011 Para cobrar o fim da impunidade que se arrasta há oito anos, a Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas (AAFIT/MG) vai realizar na sexta-feira a tradicional manifestação de repúdio à demora em julgar os suspeitos do assassinato de três auditores fiscais e um servidor do Ministério do Trabalho, em Unaí, Noroeste de Minas, crime que ficou conhecido internacionalmente como Chacina de Unaí. No mês passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o imediato julgamento dos réus que não têm mais recursos pendentes, o que não aconteceu até agora. O primeiro que deve ser julgado é Rogério Alan Rocha Rios, apontado como o autor dos disparos contra Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira.
A manifestação ocorrerá em frente ao prédio da Justiça Federal, na Avenida Álvares Cabral 1.805, Bairro Santo Agostinho, a partir das 10h. “A sociedade exige o julgamento dos réus”, diz o presidente da AAFIT/MG, Luiz Carlos Ferreira de Melo, antecipando o tom da manifestação do dia 27, que deverá contar com a presença de auditores fiscais do Trabalho, sindicalistas e políticos. Devem ser julgados ainda, de imediato, Francisco Elder Pinheiro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Willian Gomes de Miranda e José Alberto de Castro, que assim como Rogério não têm recursos à sentença de pronúncia. Entretanto, o empecilho é que os autos do processo ainda não retornaram do STJ.

O Ministério Público Federal denunciou como responsáveis pelas mortes oito pessoas. Desses, os irmãos Antério e Norberto Mânica – apontados como os mandantes do crime – e o intermediário da contratação dos pistoleiros, empresário Hugo Alves Pimenta, ainda aguardam análise pela Justiça de seus pedidos de revisão. Mesmo apontado como um dos autores intelectuais do crime, Antério Mânica está em seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Unaí e, portanto, tem direito a foro especial. De acordo com a associação dos fiscais, o processo de Rogério já está na Justiça Federal de Minas e aguarda apenas a marcação do júri popular. De acordo com o processo, os auditores foram executados em razão de uma série de autuações à fazenda dos irmãos Mânica, conhecidos como os “reis do feijão” e acusados da prática de trabalho escravo.