Cerca de 80 auditores fiscais ocupam a Avenida Álvares Cabral, em frente ao prédio da Justiça Federal, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, para lembrar a Chacina de Unaí - que completa oito anos hoje - e pedir do julgamento imediato dos nove réus indiciados. Até o fim esta manhã,os manifestantes soltarão balões gigantes no largo em frente ao prédio, exibirão faixas e distribuirão panfletos para os pedestres. O ato público é promovido pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais (Sinait), Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (AAFIT/MG), Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).
Relembre o caso
Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego de Minas Gerais foram assassinados durante fiscalização na zona rural da cidade. Atualmente, dos nove acusados pelo crime, quatro estão em liberdade, entre eles, o prefeito de Unaí, Antério Mânica (PSDB). Os outros cinco, envolvidos na execução, permanecem presos. "Nesse episódio, não só os auditores fiscais foram atacados como também o Estado brasileiro, então a Justiça precisa dar uma resposta. É a impunidade que infla os grandes empregadores a incomodar o trabalho da fiscalização. Eles contam com o apoio de muitos gestores municipais", comenta a presidente do Sinait.
Os acusados Erinaldo de Vasconcelos Silva, Francisco Elder Pinheiro, José Alberto de Castro, Rogério Alan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda tiveram os processo desmembrados e já podem ser julgados, porém ainda não sentaram no banco dos réus. Desses, apenas José Alberto encontra-se em liberdade.
Os outros estão presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O réu Humberto Ribeiro dos Santos também está preso, na capital, porém o processo dele ainda não foi desmembrado.
Quem são os acusados
Antério Mânica - prefeito de Unaí, tem propriedades rurais no Paraná e Unaí e era alvo freqüente de fiscalizações, a maioria delas realizadas pelo auditor Nelson José da Silva, lotado na subdelegacia de Paracatu. Em novembro de 2003, ameaçou o auditor de morte durante uma das inspeções, conforme ele mesmo confessou em depoimento à Polícia Federal. Está em liberdade, tem direito a julgamento em foro especial, porque foi eleito prefeito de Unaí em 2004 e reeleito em 2008.
Norberto Mânica – fazendeiro, irmão de Antério Mânica, também era alvo fiscalizações freqüentes em suas fazendas. É considerado mandante, junto com o irmão. Eestá em liberdade desde 28 de novembro/2006, por força de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Hugo Alves Pimenta - empresário cerealista, é acusado de ser o mandante das execuções dos auditores e do motorista. Está em liberdade por força de habeas corpus.
José Alberto Costa - conhecido como Zezinho, é empresário, dono de uma empresa de Cereais, com sede em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. É suspeito de ter intermediado a contratação dos pistoleiros, a pedido do amigo Hugo Pimenta. Está em liberdade desde dezembro 2004, beneficiado por habeas corpus.
Francisco Elder Pinheiro - conhecido como Chico Pinheiro, é apontado como o homem que se encarregou de montar toda a estrutura para a chacina e também acompanhou a execução do plano pessoalmente.
Erinaldo de Vasconcelos Silva - suspeito de ter executado, com sua pistola 380, três das quatro vítimas. Integrante de uma quadrilha de roubo de carga e de veículos que atua na região de Goiás e Noroeste de Minas, agia ao lado de Rogério Alan Rocha Rios, chamado por ele para matar os auditores. Está preso.
Rogério Alan Rocha Rios - suspeito de ter participado diretamente das execuções. Armado de um revólver calibre 38, deu vários tiros no auditor fiscal Nelson José da Silva, o verdadeiro alvo dos mandantes do crime, conforme sua confissão. Está preso.
William Gomes de Miranda - Foi contratado para atuar como motorista dos pistoleiros durante a chacina, no entanto, não participou diretamente do crime, porque o carro alugado que conduzia, um Gol vermelho, furou um pneu. Está preso.
Humberto Ribeiro dos Santos – o “Beto” é apontado como o homem que teria se encarregado de apagar uma das provas do crime. Está preso.