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Estado de Minas

PSDB encontra dificuldades para enfrentar PT na briga pela prefeitura de SP

Nascido na maior cidade do país, PSDB está numa encruzilhada em SP


postado em 29/01/2012 07:18 / atualizado em 29/01/2012 07:23

O PSDB nasceu em 1988 como uma dissidência do PMDB de José Sarney e Ulysses Guimarães. Sete anos depois, assumiu a Presidência da República com Fernando Henrique Cardoso e o Palácio dos Bandeirantes com Mário Covas. Permanece no comando de São Paulo até hoje, mas está fora do Planalto desde 2002. Tem um eleitorado cativo no estado e quase 20% de reconhecimento e respeito na capital paulista, segundo pesquisas encomendadas pelo principal rival, o PT. Tanto poder político é insuficiente para responder, a nove meses das eleições municipais, se o partido terá um candidato competitivo na maior cidade do país para enfrentar o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Haddad.

Em 4 de março, os tucanos farão uma prévia com quatro pré-candidatos: Bruno Covas, secretário de Meio Ambiente de São Paulo; José Aníbal, secretário de Energia; Andrea Matarazzo, secretário de Cultura; e Ricardo Trípoli, deputado federal. Caberá a um dos quatro a tarefa de, amparado pela máquina estadual, convencer uma cidade de 12 milhões de habitantes, repleta de problemas e desafios, que tem condição de manter o prestígio da legenda em alta.

O suspense que colocou o principal partido de oposição ao PT nessa encruzilhada surgiu da disputa dos dois maiores líderes da legenda no estado: José Serra e Geraldo Alckmin. Rivalidade alimentada há pelo menos 12 anos. Desde 2000, só esses dois tiveram o direito de disputar cargos majoritários no partido. Alckmin ainda era vice de Covas quando foi escolhido pela legenda para ser candidato a prefeito da capital. Em 2002, ele próprio elegeu-se governador.

Em 2004, Serra ganhou a prefeitura. Dois anos depois, chegou ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2008, Alckmin perdeu a prefeitura de São Paulo, mas venceu o governo estadual em 2010. Nesse período, Serra foi duas vezes candidato a presidente e Alckmin, uma. “Havia um acordo tático de que ninguém poderia furar esse bloqueio. A militância do PSDB está há muito tempo sendo convocada apenas para homologar essa alternância”, reclamou um dos postulantes à prefeitura, sem querer comprar briga explícita com os dois caciques estaduais.

Falta também, na opinião de vários tucanos ouvidos pelo Estado de Minas, alguém com pulso suficientemente firme e disposição política para colocar ordem na casa. Nos primórdios do PSDB, esse trabalho de organização partidária era dividido por Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas. Os dois últimos estão mortos. E Fernando Henrique? “Ele está interessado em lançar livros, dar palestras, participar de documentários, curtir a sua nova namorada. Ele não tem mais paciência para se envolver com a engrenagem do partido”, confirmou um experiente tucano.

O que não impede FHC de emitir recados diretos, especialmente contra Serra. “A minha cota de Serra deu. Ele foi duas vezes meu ministro, duas vezes candidato a presidente, candidato a governador e a prefeito. Chega, não tenho mais paciência com ele”, confessou o ex-presidente da República a pelo menos dois interlocutores, semanas antes da entrevista à revista The Economist na qual aponta o senador Aécio Neves como candidato natural do PSDB à campanha presidencial de 2014.

VISÃO ESTREITA O que impacienta o PSDB não é só o fato de o comando do partido em São Paulo estar concentrado apenas em duas mãos. Irrita os filiados a constatação de que nem Alckmin nem Serra podem ser considerados lideranças empolgantes. O primeiro é visto como um governador provinciano. Serra tem mais currículo. Esteve à frente da pasta do Planejamento, foi senador e ministro da Saúde. Mas sua falta de carisma deixou-o isolado no partido. Um dos mais experientes parlamentares tucanos, o deputado Walter Feldmann está desanimado. Ele expôs à reportagem toda a desilusão com a legenda que ajudou a fundar no fim da década de 1980. “Um partido que perde a capacidade de definir objetivos estratégicos vai ficar sempre refém de projetos conjunturais e eleitoreiros.”


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