Segundo o presidente da ONG Transparência Brasil, o economista Cláudio Weber Abramo, a falta de transparência desses e de outros dados dificulta o controle público sobre os governos. “Esse é o tipo da coisa que faz a gente chegar mais perto da importância dessa legislação. O que foi discutido na reunião é assunto público. É claro que nem toda reunião que a pessoa tem é pública. Se a Dilma tem um encontro político com o Lula, seria absurdo exigir que se divulgue o conteúdo. É uma questão de bom senso”, defende.
Abramo vislumbra uma batalha judicial pela frente, à medida que as informações, à revelia da lei, continuem sendo negadas pelos órgãos e talvez pela própria CGU. Pelo texto, quando um pedido de informação é negado, deve ser dada uma justificativa para a recusa. A partir daí, o cidadão pode recorrer à CGU para reivindicar o dado e, em última instância, à Justiça. “Vai demorar um tempo até que isso seja respeitado pelo governo”, avalia o economista.
Rotina
A mesma cultura de falta de acesso impregnada no Executivo predomina no Legislativo e no Judiciário. Seja no Senado ou na Câmara, a cópia de um contrato firmado com uma empresa de manutenção, por exemplo, não é passada ao cidadão que a requisite. A publicação automática de muitos dados e documentos na internet facilitaria o acesso. Hoje, muitas informações, principalmente do governo federal, estão disponíveis na internet. Mas nem sempre esses dados são fáceis de serem achados. Os salários dos servidores públicos, cuja publicação já era obrigatória antes da Lei de Acesso, não são informados individualmente, servidor por servidor. Hoje, apenas a Prefeitura de São Paulo faz isso, prática já assegurada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Portal
Os órgãos governamentais, no entanto, planejam mudanças. Está sendo criado um novo portal de dados abertos do governo, de acesso mais fácil ao cidadão comum. O Ministério Público Federal também promete incluir os registros das despesas com os procuradores em seu site. A Presidência da República afirmou que já divulga diariamente a agenda de Dilma, mas não explicou por que muitos encontros sobre assuntos públicos que a presidente tem não constam da agenda. “Todos os órgãos estão realizando estudos para a implementação da Lei de Acesso à Informação, dentro do prazo para a sua entrada em vigor”, afirmou a Secretaria de Imprensa do Planalto.