À exceção da proposta do vice-prefeito e presidente municipal do PT, Roberto Carvalho, para que o partido lance candidatura própria à sucessão de Marcio Lacerda (PSB), serão apresentadas pelo menos cinco proposições de grupos no Encontro de Tática Eleitoral, que vai definir em abril o futuro do partido na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Quatro delas têm o mesmo pano de fundo: o apoio à reeleição de Lacerda. O que muda é a forma de apoio. Alguns, como o grupo de Virgílio Guimarães, defendem o apoio incondicional. Outros, como os ligados ao deputado estadual Paulo Lamac, ao presidente estadual da legenda, deputado federal Reginaldo Lopes, e ao grupo do deputado federal Miguel Corrêa Junior, apresentam diferentes condicionantes. Lamac pleiteia também a coligação proporcional. Lopes e Corrêa reivindicam o apoio de Lacerda à sucessão municipal de 2016.
O PT se prepara para levar a decisão sobre a sucessão municipal para um encontro ampliado, do qual participarão delegados eleitos diretamente pelos filiados, com o propósito de deliberar o futuro do partido. Roberto Carvalho se apoia em um documento protocolado com 5,2 mil assinaturas, das quais, segundo ele, as de 4 mil filiados, com o apoio à ideia da candidatura própria. Politicamente rompido com Marcio Lacerda, o vice-prefeito tem trabalhado nas bases, com o argumento de que o PT não deve se coligar ao PSDB, que estará ao lado do prefeito.
Em 2008, Carvalho participou da composição da ampla aliança que levou Lacerda à PBH e teve o apoio informal do PSDB. Ao longo do mandato, os atritos com o prefeito colocaram os dois em campos opostos. Além de conversar com o PMDB, que foi o adversário principal de Lacerda em 2008, Carvalho argumenta na executiva nacional que busca agregar na disputa de Belo Horizonte a base aliada de Dilma Rousseff.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, tem, entretanto, outra avaliação. Ele já declarou formalmente ser a aliança com o PSB estratégica no plano nacional, além de considerar que a administração do socialista Lacerda dá continuidade ao projeto do PT implementado em 1992 na cidade, com o governo Patrus Ananias. Rui Falcão minimizou o apoio do PSDB a Lacerda, considerando ser esse ponto um elemento “perturbador” mas não definidor no debate.
Poder de pressão
Caberá à executiva municipal regulamentar as eleições internas de 18 de fevereiro que vão escolher os delegados nas regionais de Belo Horizonte. A tendência é de que sejam eleitos 400 delegados, em distintas chapas, segundo as estratégias dos grupos para a eleição do maior número possível de representantes.
Os grupos querem se cacifar não apenas para fazer valer a proposta de apoio a Lacerda em 25 de março, data do encontro. Os que elegerem mais delegados terão maior poder de pressão para tentar influir sobretudo na escolha do candidato a vice-prefeito na chapa de Lacerda, caso essa tese seja vencedora. São nomes potenciais, dos diferentes grupos, Miguel Corrêa Júnior, Reginaldo Lopes, André Quintão e Virgílio Guimarães. A briga interna poderá levar à escolha de um técnico, que não comprometa os interesses dos pré-candidatos às eleições de 2016.
Mais de uma das propostas de apoio a Lacerda deixa claro que em 2016 o PT pretende voltar a concorrer à PBH com candidatura própria, tendo o apoio do PSB. Algumas propostas, como a de Paulo Lamac, insistem na coligação proporcional com o PSB, uma condicionante que ainda terá de ser negociada dentro da legenda, uma vez que os socialistas prepararam uma chapa proporcional forte e contam com os votos carreados pela candidatura majoritária para alavancar a sua bancada municipal.