A declaração do presidente nacional do PSD e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de que as conversas com o PSDB estão encerradas, alarmou, na noite de ontem, membros do Palácio dos Bandeirantes, que temem enfrentar as máquinas federal e municipal na sucessão de São Paulo. Os caciques tucanos esperavam que o prefeito de São Paulo aumentasse os acenos políticos ao PT, mas não aguardavam que ele exibisse publicamente sua insatisfação com o PSDB.
Na última semana, em conversa com o secretário da Casa Civil de São Paulo, Sidney Beraldo, o prefeito de São Paulo não descartou uma aliança entre PSDB e PSD, mas insistiu na indicação do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), como candidato de uma eventual aliança. O presidente nacional do PSD teria reconhecido ainda que um acordo entre PT e PSD tem a simpatia das cúpulas nacional e estadual petistas, mas encontra bastante resistência entre lideranças municipais e movimentos sociais ligados ao PT.
Em busca de retomar as negociações com o PSD, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não descartou nesta terça-feira, pela primeira vez, um acordo entre PSDB e PSD que tenha como candidato o vice-governador de São Paulo. "Nenhuma hipótese pode ser descartada em uma conversa", avaliou o tucano, o qual ponderou, contudo, que é natural que o PSDB tenha candidatura própria nas eleições municipais.
"Mas, quando se faz um entendimento, todas as possibilidades são discutidas", acrescentou o governador, após cerimônia nesta manhã de apresentação de quatro unidades móveis do Via Rápida Emprego. Ainda que Afif Domingos não tenha participado do evento o governador fez questão de citá-lo em discurso e, em entrevista coletiva, fez elogios à sua trajetória política. "Ele é um grande nome, tem serviço prestado a São Paulo, é um nome preparado para responsabilidades importantes."
A composição de uma aliança entre PSDB e PSD, que tenha o vice-governador como cabeça de chapa, encontra simpatia entre aliados do ex-governador José Serra, que vislumbram a oportunidade de unir as forças das máquinas estadual e municipal em torno de uma única chapa. Um eventual acordo, contudo, não é bem visto por alguns aliados do governador Geraldo Alckmin, que não pretendem abrir mão de uma candidatura própria para a disputa municipal.
A proposta de Kassab é indicar o vice-governador à sucessão municipal em troca de dar apoio à reeleição de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, em 2014. "Daqui até março, o PSDB e o PSD conversarão bastante sobre eleição municipal e sua relação de longo prazo", afirmou Semeghini.
Ao PT, Kassab teria a oferecer o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como vice na chapa de Fernando Haddad."Eu sempre manifestei que tenho simpatia pelo candidato do presidente Lula e do PT", admitiu Meirelles ontem após reunião do PSD. Homem ligado ao setor financeiro e presidente da Associação Viva o Centro, Meirelles é visto como "o José Alencar de Haddad", ou seja, um vice capaz de quebrar resistências em setores em que o PT não atinge. "Mas esse não é o projeto dele", lamentou Kassab.