Brasília – Depois de visitar Cuba ontem e anteontem, a presidente Dilma Rousseff desembarca na manhã desta quarta-feira em Porto Príncipe, no Haiti, com a determinação de intensificar a cooperação brasileira nas áreas de saúde - em parceria com os cubanos -, agricultura, capacitação profissional e apoio à construção da usina hidrelétrica no Rio Artibonite, no Sul do país, a 60 quilômetros da capital haitiana.
Depois de concluída, a Hidrelétrica Artibonite 4C deve se transformar no símbolo do principal apoio brasileiro ao desenvolvimento do Haiti. Com potência instalada de 32 megawatts, a hidrelétrica deve gerar energia suficiente para atender a cerca de 230 mil famílias.
De acordo com assessores de Dilma, a visita ao Haiti é emblemática, pois ocorre no momento em que o país tenta vencer as dificuldades de reconstrução causadas pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010, quando morreram mais de 220 mil pessoas, e o agravamento da epidemia de cólera.
Com menos de um ano no cargo, o presidente Martelly vive um momento político delicado, pois não tem o apoio da maioria no Parlamento e tenta consolidar-se por meio do anúncio de ações isoladas. Ao mesmo tempo, o histórico político do Haiti de instabilidade e tensões cria um ambiente de apreensão, segundo observadores brasileiros.
Em sua visita, a presidente pretende mostrar que o Brasil quer se manter como protagonista no que se refere à ajuda ao país. No que depender dela, o apoio internacional não deve ser limitado às ações militares, mas ampliado para a área social. Os projetos de combate à fome e de erradicação da pobreza executados no Brasil, por exemplo, podem ser adaptados ao Haiti, segundo especialistas.
Com índices de violência e desemprego elevados, o Haiti sofre com as ações de grupos organizados, denominados gangues urbanas. Uma das tarefas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), formada por militares brasileiros e de várias nacionalidades, foi atenuar o poder desses grupos. A missão, porém, que tem caráter temporário, deverá ser retirada do país.