Levantamento do Estado de Minas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), mostra que, em cinco anos, a União autorizou o gasto de R$ 136 bilhões de seu orçamento com o PAC, mas só pagou R$ 86 bilhões (63,4%). Em outras palavras, de cada R$ 10 prometidos, R$ 3,70 deixaram de ser investidos. Em Minas, o percentual de execução do programa sobe para 76% (veja quadro na página 4), alavancado pelo programa Transferência da Gestão dos Perímetros Públicos de Irrigação, que chegou a receber o dobro da verba autorizada para o estado. Mas a alta execução, que viabilizou a duplicação da BR-262 entre Betim e Nova Serrana, por exemplo, nem sempre é sinônimo de obra concluída.
Em Jaíba, no Norte de Minas, um sistema de irrigação para a produção da comunidade rural teria
R$ 7.403.684 do orçamento da União nos cinco anos de PAC, mas acabou recebendo R$ 13.082.350,61. Apesar de ter superado o valor previsto, segundo o prefeito de Jaíba, Sildete Araújo (PMN), ainda falta terminar 30% da obra. Iniciado em 2005, o projeto, depois acolhido pelo PAC, recebeu um relatório de acompanhamento da Controladoria Geral da União (CGU) em 2006 que já apontava possível motivo para o atraso de entrega: falta de planejamento da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).
Entre os programas com execução próxima de 100%, como o de Saneamento Ambiental Urbano, que teve pago 85% do seu valor autorizado, há também outro tipo de distorção: obras paralisadas que terão de repetir investimentos. Em Buritizeiro, no Norte de Minas, e Caeté, na Grande BH, a empresa que tocava a construção de estações de tratamento de esgoto faliu e as obras ficaram pela metade. “Faz mais de um ano que parou e, com certeza, teremos de refazer parte do que já estava pronto”, lamenta o prefeito de Caeté, Ademir da Costa Carvalho (PSD), sem fazer os cálculos do que será gasto em dobro.