Apesar de acusar o governo petista de entrar em contradição, Guerra declarou que a crítica ainda é política e que as avaliações técnicas sobre as condições da privatização dos aeroportos serão feitas com o tempo. Ele também admitiu que se o PSDB estivesse no poder “seguramente” já teria privatizado os aeroportos há mais tempo.
De acordo com o senador tucano, o problema não está em conceder a administração dos terminais à iniciativa privada e sim na falta de controle social e de fiscalização sobre o processo. “Outras reformas teriam sido feitas também . Teríamos marcos regulatórios mais firmes, agências reguladoras verdadeiramente públicas e que controlassem o funcionamento do mercado, e não essa festa que está aí”, declarou.
Guerra criticou ainda o preço excessivamente baixo cobrado para a concessão e o fato de terem sido privatizados os aeroportos mais rentáveis e não os que causam mais prejuízos. “O filé foi concedido, o osso não”, disse.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), antecipou-se à entrevista coletiva do PSDB e, mais cedo, discursou em plenário para defender processo de concessão dos aeroportos e a decisão do governo petista de privatizá-los. “O que nos diferencia do governo anterior não é uma posição ideológica necessariamente em relação à privatização, mas o que privatizar”, disse Costa.
O líder petista também ressaltou que a concessão dos maiores aeroportos vai render recursos para serem investidos nos terminais menores, que atualmente não são rentáveis. “Nós privatizamos a estrutura de prestação de serviços em terra para os aeroportos brasileiros, o que vai facilitar, com novos recursos e rapidez, a chegada de reformas para a Copa do Mundo e, ao mesmo tempo, recursos que estão entrando para serem investidos na aviação regional”, defendeu.
Os aeroportos de Brasília (DF) e Cumbica, em Guarulhos (SP), têm o maior fluxo de passageiros do país e o Viracopos, em Campinas, o maior fluxo de cargas. O leilão para concessão dos três aeroportos ocorreu na Bolsa de Valores de São Paulo e totalizou R$ 24, 5 bilhões de arrecadação para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As empresas vencedoras irão administrar os terminais, mas não o controle aéreo, que continuará nas mãos da Força Aérea Brasileira (FAB).