O vereador Reinaldo Preto do Sacolão (PMDB) foi um dos primeiros a falar. Ele afirmou que ganha mais com seu comércio do que como vereador. A fala do parlamentar causou a reação dos manifestantes que acompanhavam a votação. A sessão teve que ser encerrada e foi retomada alguns minutos depois. No intervalo, os manifestantes gritaram palavras contrárias ao aumento e cantaram a marchinha “Na Coxinha da Madrasta”, que faz referência aos gastos do vereador Léo Burguês (PSDB) com a compra de lanches no comércio da própria madrasta.
Também polêmico, o vereador Leonardo Mattos (PV) criticou o comportamento dos colegas e do prefeito Márcio Lacerda."Parece que eu sou a voz destoante, mas não fui quando decidimos pela tramitação do projeto de lei na Casa. Todos os vereadores assinaram o documento em que se comprometiam com o projeto", afirmou. Segundo Mattos, a defesa pela manutenção do reajuste não está relacionada ao valor salarial proposto e, sim, à soberania do Legislativo, que segundo ele, está sendo desrespeitada. " O prefeito de BH veta tudo. Não tem a menor consideração com o poder Legislativo. Isso é uma característica da sociedade brasileira: se alguem tem que levar pau, pau no poder Legislativo", afirmou.
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Em seguida, foi a vez do vereador Heleno (PHS), que defendeu a manutenção do veto ao reajuste. "A sociedade de Belo Horizonte se pronunciou e a Câmara deve ouvi-la", disse em discurso que durou menos de três minutos. Para o vereador Preto (DEM), o momento de apresentação da proposta do novo vencimento não foi apropriado. Ele também argumentou que o projeto é “equivocado em alguns aspectos”. Para ele, no momento da votação – ocorrida no dia 16 de dezembro -, a capital sofria com as chuvas e não estava preparada para tratar do assunto.
Agora os vereadores tem a possibilidade de apresentar uma nova proposta de reajuste. Há pelo menos duas opções de critério para uma nova proposta: a correção monetária (24,03% nos quatro anos da legislatura) ou a equiparação ao salário dos secretários municipais (cerca de R$ 13 mil).
Votação Secreta
Um dos pontos que causou intenso debate no plenário foi relacionado à votação secreta. O vereador Fábio Caldeira, recém-empossado na Câmara, defendeu, mais uma vez, o que ele acredita ser uma “necessidade”. “A Câmara precisa acabar com esse instrumento antidemocrático, que é o voto secreto”, afirmou. Os vereadores Joel Moreira (PTC) e o Leonardo Mattos (PV) rebateram as afirmações de Caldeira e defenderam que o veto secreto é uma forma de garantir a independência do Legislativo em relação ao Executivo.
Defensor do reajuste
O vereador Leonardo Mattos foi um dos que apoiou a derrubada do veto. Segundo ele, a tese apresentada pela prefeitura para vetar o reajuste é motivo para vergonha. “Foi um veto oportunista. Um veto político”, afirmou. Mattos alega que não será uma pressão momentânea que vai mudar sua opinião. “Não vai ser máscara, apito que vai mudar meu voto. Aqui não é carnaval. Aqui não é baile a fantasia. Quando eu me posiciono eu faço de cara limpa”, ressaltou.
Com informações de Diana Pimentel