Denucci foi demitido no final de janeiro sob suspeita de ter recebido propina de fornecedores da Casa da Moeda. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo denunciou que o presidente da instituição tinha aberto offshores em paraísos fiscais e movimentado R$ 25 milhões.
Mantega admitiu ter sido avisado em 2010 que Denucci teve um problema em 2001 com a Receita Federal, mas afirmou não ter visto motivo para demissão, naquela ocasião. O ministro da Fazenda também é questionado sobre o motivo que o levou a aceitar a indicação do PTB para abrigar Denucci em um cargo eminentemente técnico.
No último domingo, o jornal Estado de S. Paulo apontou que o arco de apoios políticos que sustentavam Denucci no cargo ia além do PTB: o ex-presidente Lula, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), o ex-ministro Delfim Netto e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro.
Se o convite a Mantega for à votação na CAE, os partidos da base aliada contam com cerca de 80% dos votos entre os titulares: 21 dos 27 votos. Isso numa hipótese de comissão lotada, o que é pouco provável para uma reunião às vésperas do carnaval. Nessa conta, porém, não estão computados os parlamentares ditos independentes, como os peemedebistas Roberto Requião (PR), Luiz Henrique (SC) e Eduardo Braga (AM). Ainda assim, dificilmente a oposição conseguirá oito votos - quase o dobro dos cinco que dispõe - para virar o jogo.
"Lógico que o Mantega deveria vir se explicar", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT). "Todo individuo tem que prestar esclarecimentos", completou. Taques, porém, disse que irá à comissão para defender sua posição, mesmo sem ser integrante dela. Ele admite que dificilmente os convites serão aprovados hoje.