Jornal Estado de Minas

Movimento popular que questionou o veto de salário vai pressionar parlamentares

O grupo quer ampliar a sua atuação e fiscalizar o trabalho dos parlamentares neste ano eleitoral

Alessandra Mello

Manifestação contra o aumento salarial na Câmara. Ideia é comparecer às sessões para verificar se os vereadores estão trabalhando direito - Foto: Alexandre Guzasche/EM/D.A.Press 

Os vereadores de Belo Horizonte que se preparem. O movimento Ocupe a Câmara promete fazer marcação cerrada em cima deles depois do carnaval. O sucesso da pressão e da mobilização popular contra o aumento de 61,8% dos salários dos vereadores deu fôlego ao movimento, que começou nas redes sociais e ganhou as ruas da cidade. O mote inicial era derrubar o aumento salarial dos vereadores. Agora, o movimento promete se organizar melhor para ampliar sua atuação e fiscalizar o trabalho dos vereadores neste ano de eleição municipal e reeleição para alguns. O Ocupe a Câmara foi responsável pelo vídeo que flagrou um grupo de parlamentares comentando, em tom de deboche, a manutenção da decisão conquistada por pressão popular. Os integrantes prometem novos vídeos da atuação parlamentar e também um acompanhamento das atuações dos vereadores em plenário e nas comissões.

Segundo uma das coordenadoras, a atriz e professora de teatro Débora Vieira, 29 anos, o movimento está recrutando pessoas para fazer esse trabalho. Uma reunião no dia 8 vai traçar as estratégias de atuação. Ela conta que depois do movimento pela derrubada do aumento dos vereadores o Ocupe BH recebeu diversas manifestações de apoio de pessoas das mais diferentes idades e profissões interessadas em participar do movimento. A ideia é cadastrar o maior número de cidadãos para comparecerem às sessões da Câmara Municipal pelo menos uma vez por mês para acompanhar os trabalhos. A intenção é garantir um quórum mínimo de pessoas em todas as sessões.

O movimento do Facebook já tem quase 2 mil amigos. Na página, atualizada diariamente, são postadas todas as notícias que envolvem o Legislativo municipal e também as “pérolas” ditas pelos vereadores em entrevistas e durante as sessões. O cadastramento para acompanhar as sessões também está sendo feito via internet.

“Nossa intenção é levar as pessoas para dentro da Câmara, para que elas percebam a importância de participar da vida pública da cidade e prestar atenção em quem está nos representando”, defende Débora Vieira. Para ela, de nada adianta ficar parado, com os braços cruzados, apenas reclamando da atuação dos políticos. “É preciso fiscalizar, conhecer os vereadores e seu trabalho para poder votar com consciência.” A atriz disse que nenhum dos integrantes da coordenação tem filiação partidária e que a intenção é reunir gente de todas as legendas e colorações partidárias. “Não temos nada contra quem pertence a partido político. A filiação partidária é legítima.”

Enquanto isso...

...Outro movimento se articula

Um movimento para se contrapor ao Ocupe a Câmara também surgiu no Facebook. Batizado de Câmara de BH Livre, ele defende a fiscalização da atuação dos vereadores, mas critica o que chama de manipulações das redes sociais. “Somos um movimento formado por cidadãos de diversas profissões. Neste primeiro momento, queremos que a informação seja mais relevante para não influenciar o público. Somos contra qualquer incitação ofensiva. Até porque difamação é crime previsto no Código Penal. O nosso instrumento de trabalho será sempre a informação”, diz o manifesto da página, cujo responsável não foi localizado pela reportagem. O movimento diz que a atuação dos vereadores não pode ser nivelada e que muitos deles trabalham com seriedade. “Temos uma equipe que está investindo forte em pesquisa para trazer até você, internauta, informações de relevância para poder fazer a sua escolha na hora das eleições.” Alguns vereadores já aderiram à página do Câmara de BH Livre. O movimento, no entanto, nega qualquer vinculação com os vereadores.