Incomodados com a pressão de tucanos para a indicação do vice na chapa de Marcio Lacerda ou a coligação proporcional, os socialistas cancelaram nessa quinta-feira o almoço que teriam hoje para discutir a reedição da aliança entre os dois partidos. Na avaliação de vários líderes do PSB mineiro, com as novas “exigências”, o PSDB cria mais dificuldades aos líderes petistas que apoiam a repetição da chapa majoritária com o PSB. Nas duas últimas semanas, o PSDB passou a reivindicar a indicação do vice na chapa de Lacerda ou a coligação proporcional com os socialistas. Os dois pleitos também são feitos pelos apoiadores do prefeito no PT.
Os petistas pró-Lacerda estão em campanha interna para convencer filiados a aderirem à tese da reedição da aliança. Em 15 de março serão eleitos em cada regional administrativa os delegados do partido que participarão do Encontro de Tática Eleitoral e definirão o posicionamento do PT na sucessão da Prefeitura de Belo Horizonte.
A leitura de socialistas é de que a pauta tucana apresentada neste momento causa turbulência nos aliados petistas. Para eles, a ruptura entre PSB e PT só interessa politicamente ao PSDB, que passaria a posição de principal aliado na coligação e , caso Lacerda se reeleja, parceiro preferencial no futuro governo.
No início desta semana, o presidente municipal do PSDB, João Leite, e o presidente regional, Marcus Pestana, deram como certo o almoço hoje na casa de Walfrido Mares Guia, presidente estadual do PSB. A pauta tucana incluía de oito a nove itens, entre eles maior participação nos eventos de campanha, maior participação em um eventual futuro governo, além da coligação na chapa proporcional com o PSB ou a indicação do vice na chapa majoritária.
A Executiva Municipal do PSDB se reúne na noite de segunda-feira para analisar a situação das negociações com os socialistas para a reedição da aliança. Com o encontro de hoje cancelado, não terão fatos objetivos a apresentar. Para João Leite, presidente municipal da legenda, a indicação do vice na chapa ou a coligação proporcional são reivindicações das bases tucanas.
Anfitrião Walfrido Mares Guia procurou nessa quinta-feira minimizar o episódio, evitando tensionar ainda mais as negociações entre aliados. “Eu havia apenas cogitado esse almoço com o Marcus Pestana e o João Leite. Mas vou viajar”, desconversou. O presidente estadual do PSB considerou “natural” o fato de os partidos aliados desejarem a aliança proporcional com a legenda que detém a cabeça da chapa. Mas, segundo ele, esse debate ainda é prematuro. O prefeito Marcio Lacerda disse nessa quinta-feira não estar informado sobre o encontro com os tucanos. “Estava viajando. Não estou sabendo”, esquivou-se.
Para a reedição da polêmica aliança que elegeu Marcio Lacerda será necessário não apenas aparar as arestas entre petistas e tucanos, os principais aliados. Dentro do PT a questão ainda não está resolvida. Entre as propostas debatidas internamente está o lançamento da candidatura própria, defendida pelo vice-prefeito Roberto Carvalho.