Gegê é diretor do Movimento de Moradia de São Paulo, uma das seis organizações que promovem reuniões para iniciar a ofensiva a partir de abril. “No nosso próximo encontro vamos ter a participação de mais duas associações. Quando começarmos as ocupações teremos pelo menos dez movimentos.”
Embora seja militante histórico do PT e já tenha integrado a direção nacional do partido em duas ocasiões, Gegê nega qualquer interferência petista na articulação. “Os movimentos populares não têm ligações com partidos nem com centrais sindicais”, afirma. “Ideologicamente podem ter proximidade com essa ou aquela central, mas isso não significa que sejam guiados por ela.”
Resistência
Os atritos entre Kassab e a maior parte dos movimentos por moradia na capital são antigos. Semanas atrás, quando ainda se tentava costurar uma aliança entre o PT e o PSD para a eleição municipal deste ano, um dos maiores focos de resistência à aproximação foi localizado justamente entre petistas vinculados a esses movimentos. Era uma reação tão forte que, nos bastidores em seus encontros com o prefeito, os emissários do PT disseram que, caso a aliança fosse adiante, ele teria de adotar imediatamente alguma medida de impacto na área de moradia. Isso serviria para refrear os descontentes.
Sem aliança nem medidas de impacto, os movimentos decidiram abrir carga contra o prefeito. As ocupações e os ataques à política administrativa de Kassab vão ocorrer às vésperas do período eleitoral.
Além de dirigente do Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo Gegê atua como vice-presidente da Central Nacional de Movimentos P0pulares, entidade que agrega grupos de defesa dos interesses sem-teto, sem terra, indígenas, quilombolas, trabalhadores na área de saúde e da educação, entre outros. Segundo suas informações, também devem ocorrer manifestações por mais moradias populares em outros Estados. No caso paulista, diz ele, embora Kassab seja o alvo principal, os governos federal e estadual também deverão ser cobrados.