Brasília – A entrada de José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo, com o apoio declarado do prefeito Gilberto Kassab (PSD), provocou mudanças nas articulações no PSDB e ligou o sinal de alerta na pré-candidatura petista de Fernando Haddad. Dentro do PSDB, a notícia minou as chances de pelo menos dois dos quatro tucanos que disputariam as prévias em 4 de março. Os secretários estaduais Andrea Matarazzo (Cultura) e Bruno Covas (Meio Ambiente) devem declinar da disputa interna para apoiar Serra. Por outro lado, o deputado Ricardo Trípoli e o secretário de Energia, José Aníbal, mantêm a campanha na rua para as prévias. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou ao Estado de Minas que Serra vai oficializar sua pré-candidatura. "É real (a candidatura). Ele começou a se movimentar como candidato e deve se reunir com os outros pré-candidatos".
O nó a ser desatado pelo PSDB agora é a inscrição de Serra para as prévias. O prazo para concorrer terminou em 14 de fevereiro. Uma saída para superar a limitação do prazo seria o próprio diretório municipal fazer a inscrição do nome de Serra nas prévias. Amanhã, o diretório deve se reunir para discutir o possível adiamento da disputa interna. Aliados de Serra defendem que ele tenha 15 dias de campanha para se apresentar aos militantes partidários.
Puxador de votos O anúncio da participação de Serra na disputa foi bem recebido por vereadores e pré-candidatos à disputa proporcional deste ano, pois o ex-governador de São Paulo é considerado um puxador de votos com densidade eleitoral para favorecer toda a legenda e conquistar a adesão de outros partidos para ampliar as alianças. "Quanto o partido é mais hábil na constituição de uma aliança, começa no patamar da disputa mais favorável no primeiro turno. O Serra reúne as condições para dar um primeiro passo mais longo", defende o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP). Ainda assim, o partido não abre mão das prévias para simbolizar que a escolha foi feita de forma democrática. "Hoje não existe a possibilidade de suspender as prévias. A militância informou que só apoiaria quem respeitasse o processo até o fim, mas tudo pode acontecer, até mesmo uma intervenção", resume o deputado Walter Feldman (PSDB-SP).
Enquanto o PSDB tenta encontrar solução para a inscrição de Serra nas prévias, integrantes do conselho de campanha de Haddad se reuniram na manhã de ontem para discutir o fator Serra na campanha. Os petistas decidiram que o discurso que será adotado a partir de agora é de polarização entre o modo de governar petista e o dos tucanos, que comandam o estado há 17 anos.