Para o presidente do PSDB de Minas, deputado federal Marcus Pestana, o passo de Serra facilita a harmonização de interesses dentro partido e a construção de uma unidade em torno do Aécio. “Nove em 10 tucanos, após a eleição de 2010, começaram a formar opinião de que olhando para o futuro o retrato que vinha era o de Aécio. Mas é evidente que Serra, ao focar na Prefeitura de São Paulo, está construindo projeto para cinco anos”, disse, assinalando não ser possível imaginar que ele deixará o cargo. Mais cauteloso, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE) evitou fazer avaliações do cenário político a longo prazo. “A candidatura de Serra tem grande consequência para o PSDB, pois São Paulo é muito importante para nós. Temos de pensar em ganhar São Paulo pois sem a capital paulista fica difícil liderar o Brasil”, afirmou. Guerra considerou cedo para se discutir 2014. “Não estamos pensando nisso neste momento. Não queremos colocar o carro na frente dos bois”, sustentou.
Também procurando desvincular os efeitos da decisão de Serra sobre 2014, o ex-deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB/SP) sustentou: "Está muito longe. Além disso, a dinâmica das eleições municipais é diferente das eleições gerais. Uma influencia a outra mas temos o cenário macroeconômico, a avaliação das várias políticas e três anos pela frente", afirmou. Mas Madeira descarta a hipótese de nova renúncia de Serra, caso seja eleito: "Quem é candidato a prefeito concorre a um mandato de quatro anos com possibilidade de reeleição", disse.
Projeto
Até três semanas antes de anunciar ontem, às 9h30, pelo Twitter, a sua pré-candidatura à prefeitura paulistana, Serra acalentava o projeto presidencial e trabalhava no PSDB para isso. É muito improvável que, se eleito, volte a renunciar ao cargo para pleitear a candidatura à Presidência da República. Em 2006 ele fez isso para concorrer ao governo de São Paulo, mesmo tendo registrado em cartório, durante a campanha municipal de 2004, a intenção de concluir o seu mandato a prefeito. O seu então vice, Gilberto Kassab – pivô de toda a movimentação tucana –, assumiu em 31 de março de 2006 um dos maiores orçamentos do país e se reelegeu em 2008 para o cargo.
O movimento de Serra, que ainda precisará ser confirmado em prévias, afasta Kassab e o seu PSD da candidatura Fernando Haddad, que vinha sendo cuidadosamente costurada por Lula. “Se o Serra não tomasse essa decisão, o PSD daria novo passo em direção ao governo Dilma”, avaliou Marcus Pestana, lembrando que São Paulo tem relevância nacional no realinhamento das forças partidárias.
Petista diz que não é surpresa
O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, admitiu que a entrada do tucano José Serra na disputa e a confirmação do apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab ao ex-governador o libera para encampar um discurso de mudança nesta campanha. "Fico mais tranquilo porque vou representar melhor as ideias que acredito, está mais adequado o candidato ao discurso", reconheceu o petista. "Sempre me coloquei como candidato com uma plataforma de mudança, nunca abdiquei deste discurso", afirmou.
O pré-candidato disse que aposta na memória do eleitorado com relação aos investimentos das últimas administrações do PT na cidade e conta com a boa avaliação do governo federal para conquistar os eleitores. "Nosso horizonte é muito bom, são duas administrações com grandes realizações na cidade e um governo federal muito bem avaliado", apontou. Segundo Haddad, sua campanha pretende resgatar a história e os projetos que foram implementados pelo seu partido na cidade. Haddad voltou a dizer que não se surpreende com a entrada de Serra no embate eleitoral: "Estamos na sexta eleição do século 21 e é a quinta que ele (Serra) participará. Não vejo qual a surpresa disso."