Jornal Estado de Minas

Chapa pela reeleição de Lacerda anuncia 'guerra'

Aliados de Aécio Neves rebatem Patrus Ananias. Nota do PT reclama de fala do presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana

Juliana Cipriani

"Ele era anti-Lacerda até o dia em que o prefeito lhe ofereceu um cargo para ocupar seu tempo ocioso, no Conselho Consultivo da Prefeitura" , deputado estadual Gustavo Valadares (PSD) - Foto: Willian Dias 28/02/2012 Prestes a se unirem mais uma vez em torno da eleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que tentará novo mandato em Belo Horizonte, petistas e tucanos mostram que a manutenção do casamento será barulhenta. Em clima de guerra declarada, em razão de um encontro do PT no sábado que rendeu críticas do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, ao senador Aécio Neves (PSDB), ontem foi a vez de os aliados do tucano usarem a tribuna da Assembleia para disparar contra o petista. Pouco tempo depois, o PT divulgou nota de repúdio ressaltando as “diferenças” entre os partidos.

Com a ajuda de aliados de outras legendas, os tucanos atacaram Patrus, a quem chamaram de “incoerente” por agora defender a união com Marcio Lacerda – em 2008 ele foi contrário à aliança. “Ele prega tanto o investimento na área social e diz que por isso não pode estar junto do Aécio. Qual a razão então de ter subido no palanque do ex-senador Hélio Costa e do deputado federal Newton Cardoso (ambos do PMDB)? É igual vara de bambu e vai para onde o Lula manda?”, questionou o vice-líder Rômulo Viegas (PSDB) . No sábado, Patrus disse querer a continuidade da união com Marcio Lacerda, mas sem o PSDB, citando diferenças profundas com o ex-governador Aécio. “Nunca o vi subindo periferias, nunca o vi conversando com os pobres, nunca o vi privilegiando políticas públicas sociais”, argumentou Patrus.

Viegas, que foi subsecretário do governo tucano, defendeu a atuação de Aécio na área social. Disse que o estado foi o primeiro a implementar a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e alegou faltar coerência a Patrus que, segundo ele, terá de se conformar com a presença do PSDB na chapa. “O PT não tem democracia interna. Lula decidiu o Fernando Haddad em São Paulo, o Eduardo Paes no Rio de Janeiro, o Gustavo Fruet em Curitiba e aqui terão de nos engolir goela abaixo”, afirmou, se referindo aos pré-candidatos a prefeitos.

O líder do PSDB, Bonifácio Mourão, chamou Patrus de infeliz e citou programas do governo Aécio, como o Pró-Acesso, para justificar o caráter social do governo. “O Patrus prega o trabalho aos pobres mas não pode ficar só nas palavras. Tem que mostrar o que tem feito em Minas nesse sentido. Nem de longe chega perto do Aécio”, provocou.

Para Gustavo Valadares (PSD), a declaração de um homem que muda de opinião da maneira que o petista fez não deve ser considerada. “Ele era anti-Lacerda até o dia em que o prefeito lhe ofereceu um cargo para ocupar seu tempo ocioso no Conselho Consultivo da Prefeitura. Depois disso mudou de opinião e virou pró-Lacerda”, disse Valadares. Os aliados se revezaram na tribuna durante pronunciamento do deputado Duarte Bechir (PSD), que falou durante uma hora sobre o que considerou “demonstração de fraqueza política” do ex-ministro.

Diferenças

Na mesma tarde, a Executiva do PT divulgou nota reclamando da fala do presidente do PSDB, Marcus Pestana, que já no sábado havia rebatido Patrus, criticando a postura do ex-ministro. O tucano ironizou as declarações lembrando que Patrus esteve contra Lacerda e ao lado de Hélio Costa, chamado de “um dos mais conservadores”. O PT disse que a diferença de métodos e concepções “não permite coligações entre os dois partidos” e comparou os governos Lula e Dilma com o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Os petistas também chamaram os tucanos de antidemocráticos e disseram, na nota, se orgulhar da contribuição dos movimentos sociais em seus quadros. “O perfil autoritário e antidemocrático do PSDB-MG expressa claramente a essência da prática política e a trajetória autoritária de quem não respeita e não consegue conviver com as diferenças. Prova disso são os constantes ataques e perseguições às lideranças do PT”. O partido “repudia veementemente a tentativa de desqualificar a liderança do ex-ministro Patrus Ananias”, que “tem ilibada trajetória política”. “Ao lado do presidente Lula, contribuiu de forma decisiva para o enfrentamento à pobreza em nosso país”, afirma a nota.