O presidente da Câmara Municipal de Matozinhos, Emanuel Barbosa Sincero (PHS), parece ter sentido o peso do nome ao votar projeto de lei que aumenta o salário dos parlamentares da Casa a partir de 2013. Segundo Emanuel, o reajuste, de R$ 4.117 para R$ 5.511, é necessário porque vereador dá cesta básica, remédio e leva pessoas para o hospital. A declaração foi gravada em vídeo colocado na internet. Nessa quarta-feira, o projeto foi aprovado em segundo turno por seis votos a favor e três contra, mesma contagem da etapa inicial de tramitação do texto no plenário, na segunda-feira, dia da gravação do material que circula na rede mundial de computadores.
Na sessão do início da semana, Sincero diz que o auxílio aos moradores da cidade é necessário porque “o município não tem como oferecer. E não posso deixar a pessoa morrer de fome”, argumenta. O presidente da Câmara afirma ainda que a situação se complica ainda mais “se for um conhecido meu”. “Enquanto a gente come, o pessoal morre de fome”, reafirmou.
Ao finalizar a declaração pelo voto favorável, Sincero diz que o problema da saúde e da fome no Brasil não é de hoje. “Tanto é que o governo federal está implantando programas de erradicação da miséria. Por esse motivo é que voto a favor do projeto.”
Durante a sessão de ontem, mais uma prova de sinceridade por parte dos parlamentares de Matozinhos. O vereador Otacílio Gonçalves (PR) declarou da tribuna do plenário: “Voto sim a esse projeto. Se não ganhar as próximas eleições, que fique para os outros”. Outro parlamentar, Joaquim Alves da Paixão (PSDB), criticou os colegas que reclamavam da aprovação do projeto. “Tem muita demagogia aqui. Quero ver quando o salário for depositado na conta se vão devolver o dinheiro.”
Recuo
Depois da sessão dessa quarta-feira, o presidente da Câmara tentou amenizar as declarações de segunda-feira. “Nunca comprei cesta básica ou remédio para dar a eleitor nenhum. Não foi o que quis dizer”, afirmou. Conforme o parlamentar, um site local de notícias vinha pressionando a Casa com matérias sobre o motor de um veículo do Legislativo municipal que teria sido extraviado. “Nós provamos que, na verdade, a máquina teve que ser substituída, mas o site não quis dar outra matéria se retratando”, justificou.