Jornal Estado de Minas

Serra promete cumprir mandato até o fim, caso eleito em SP

Tucano descarta quebrar compromisso de cumprir o mandato até o fim, como ocorreu no passado, e adia o sonho de disputar a presidência

Paulo de Tarso Lyra
Brasília – O principal pré-candidato do PSDB nas eleições municipais de outubro, José Serra, concedeu nessa quarta a primeira entrevista após confirmar a participação nas prévias tentando espantar o principal fantasma que pesa sobre sua candidatura: o risco de abandonar o cargo antes do término de seu mandato, caso seja eleito em outubro. “Vou cumprir os quatro anos, isso é mais que uma promessa”, disse ele. Se vencer as eleições, ele automaticamente abre mão de disputar a Presidência da República em 2014.
O PSDB credita o alto índice de rejeição a Serra verificado nas últimas pesquisas de opinião pública justamente ao fato de o tucano não ter, nas duas últimas eleições que concorreu em São Paulo, completado seu mandato. A primeira vez que isso ocorreu foi em 2006. Após impedir a reeleição da petista Marta Suplicy, Serra deixou a prefeitura paulistana para concorrer ao governo estadual. Ele conseguiu eleger-se governador mas, mais uma vez, saiu nove meses antes de terminar o mandato no Palácio dos Bandeirantes para concorrer à Presidência da República. Foi derrotado por Dilma Rousseff.

Serra afirmou que sua decisão de disputar as prévias decorre de dois fatores: necessidade e gosto. “Necessidade por conta do quadro político e gosto porque gosto de ser prefeito. Conheço a cidade e sua gente”. O fato de não concorrer nas eleições presidenciais de 2014 não significa, contudo, o abandono do sonho de ser presidente da República. “Quanto ao sonho, ele pode permanecer adormecido por muito tempo. Estou no auge da minha energia”.

O tucano disse que não espera ter dificuldades para convencer a população de São Paulo de que não deixará o cargo caso seja vitorioso nas urnas. "A minha relação com a população de São Paulo é boa", ressaltou. Serra negou que a disputa eleitoral, com a sua entrada, representará um terceiro turno das eleições presidenciais de 2010. Ele considerou normal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atue como cabo eleitoral do pré-candidato do PT Fernando Haddad. "Minha ideia não é considerar a polarização entre PSDB e PT como elemento-chave da campanha. A população de São Paulo quer discutir as questões municipais", avaliou o tucano.

O ex-governador optou por permanecer em São Paulo apesar da reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília. Mesmo ausente, Serra recebeu elogios. “O partido tem uma dívida de gratidão com Serra porque ele atendeu a um pedido nosso quando nós mais precisávamos dele”, disse o presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE), em intervenção realizada durante a reunião.

Prévias Guerra considerou infundadas as especulações feitas pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, dizendo que Serra poderá deixar o PSDB após as eleições municipais para ingressar no PSD. “Isso não existe, não há por que existir. O melhor momento de Serra no partido é agora”, elogiou o presidente tucano.

Sérgio Guerra admitiu que Serra precisa ainda costurar apoios no PSDB paulistano e que, por isso, optou por não comparecer à reunião da Executiva. A primeira vitória foi obtida na noite de terça-feira, quando o Diretório Municipal do PSDB paulistano adiou as prévias de domingo para o dia 25.

Durante reunião da Executiva de ontem, foi confirmado o nome do deputado Otávio Leite como o pré-candidato do partido à Prefeitura do Rio de Janeiro. Ele conseguiu mais apoios do que a também deputada Andréia Zito.