Jornal Estado de Minas

Corte no Orçamento da União vai representar R$ 1,2 bi a menos para municípios de MG

Aumenta sufoco dos prefeitos que traçam estratégias para pagar aumentos salariais

Alice Maciel

 Os prefeitos de Minas terão um grande desafio pela frente para fechar as contas. Os municípios mineiros vão perder R$ 1,192 bilhão de repasses da União com o corte de R$ 55 bilhões no Orçamento de 2012. Ao mesmo tempo, se veem diante de novos gastos com o aumento no piso dos professores e no valor do salário mínimo. Cálculos feitos pela Associação Mineira dos Municípios (AMM) mostram que a educação e a saúde são as áreas mais atingidas com a tesourada da presidente Dilma Rousseff (PT). Em ano eleitoral, prefeitos temem não conseguir cobrir o rombo e serem penalizados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A situação ainda é pior para os que fizeram promessas com dinheiro da União, já que todas as emendas parlamentares foram vetadas pelo Executivo federal.

 Na ponta do lápis, o impacto na saúde para as prefeituras de Minas será de 7% com a revisão da Lei Orçamentária Anual (LOA). Já o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) – 60% são usados para pagar os profissionais da educação em sala de aula – sofrerá queda de 5,61%. Os prefeitos vão pagar mais para os professores e terão R$ 254,6 milhões para isso. A diretora do Departamento de Economia da AMM, Angélica Ferret, responsável pelo levantamento, ressalta que a previsão é de 15,94% no aumento da receita do Fundeb, frente ao aumento de 22,22% no piso salarial. “Um outro fator que deverá ser acrescido nesse impacto são os custos com o aumento na folha de pagamento, com encargos trabalhistas que podem variar de 35% a 55%”, acrescentou.

O Fundeb foi afetado porque a previsão de arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) foi reduzida. Na LOA estava prevista uma arrecadação de R$ 275,1 bilhões de Imposto de Renda, e o governo reduziu para R$ 263 bilhões, o que representa uma queda de 4,4%. Já o IPI, que estava estimado em R$ 51,4 bilhões, caiu para R$ 51 bilhões, com uma queda de 0,9%. Esses dois impostos também compõem o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte da maioria das prefeituras mineiras, que, de acordo com levantamento da AMM, sofrerá uma queda de 3,8%.A nova reprogramação do Orçamento da União deverá reduzir o montante do FPM previsto na LOA de R$ 7,9 bilhões para R$ 7,6 bilhões.

A esperança dos municípios está nos royalties do petróleo, de acordo com o presidente da AMM, Ângelo Roncalli. “A proposta ainda não é o ideal, não é o que nós gostaríamos, mas não deixa de ser um alento”, ressaltou. Segundo ele, as prefeituras de todo o Brasil devem se unir para pressionar a União a voltar atrás nos cortes, principalmente nos da saúde. “Temos de nos unir também para dizer ao Congresso Nacional: chega de criar piso. Só nós, prefeitos, sabemos os recursos que temos disponíveis e os deputados têm de parar de fazer graça com o chapéu dos municípios”, reclamou. Na terça-feira, os prefeitos foram a Brasília cobrar alternativas do governo.

Emendas Além de perder emendas parlamentares, os prefeitos temem não receber recursos das emendas indicadas pelos municípios ao Orçamento da União. Conforme levantamento da AMM, a perda seria de R$ 331, 9 milhões. As emendas são para a saúde, área mais atingida pela tesoura de Dilma, com menos R$ 5,4 bilhões. Em seguida, vieram os cortes nos ministérios das Cidades (R$ 3,3 bilhões), Defesa (R$ 3,3 bilhões), Integração Nacional (R$ 2,1 bilhões), Justiça (R$ 2,2 bilhões) e Turismo (R$ 2 bilhões).