Durante entrevista coletiva concedida ontem em um hotel de São Paulo, o ministro disse que o governo brasileiro não pode dialogar com um interlocutor que “emite declarações descuidadas e intempestivas”. Mas, em Londres, de acordo com a Rádio França Internacional, ao saber das declarações de Rebelo, o secretário-geral da Fifa respondeu ao ministro brasileiro com ironia e reafirmou que o país não está honrando os compromissos em relação à organização do evento, às construções dos estádios, além de outros atrasos.
"Agora, se o problema é eu ter feito uma declaração, enquanto nada evoluiu nos últimos cinco anos...Eu disse exatamente o que está acontecendo no Brasil, onde as coisas não estão bem encaminhadas. Se o resultado disso é que agora o governo não quer mais falar comigo e nem trabalhar comigo, acho um pouco infantil”, disse Valcke ontem na capital britânica em resposta a Rebelo.
Valcke está participando em Londres da reunião do Conselho Legislador da Fifa e na sexta-feira (2) disse que a construção de estádios e a infraestrutura de transportes e hotéis para a Copa no Brasil está atrasada, motivo pelo qual os organizadores precisavam de “um chute no traseiro”, pois o país está mais preocupado em ganhar a Copa do que em organizá-la.
O secretário-geral da Fifa também atacou o Congresso brasileiro pelo que considera “discussões infindáveis” sobre a Lei Geral da Copa, que está em tramitação na Câmara dos Deputados e ainda não teve sua votação concluída na comissão especial encarregada do projeto de lei encaminhado pelo governo.
Entre os temas polêmicos do projeto está a permissão da venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante as partidas da Copa, abrindo uma exceção na legislação brasileira só para atender a Fifa, que tem uma indústria de bebidas entre os patrocinadores do Mundial. Na comissão especial da Câmara, três dos dez destaques de votação que deverão ser apreciados na terça-feira (6) destinam-se a impedir a liberação da bebida autorizada no texto do relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Apesar das críticas que fez ao andamento dos preparativos para a Copa, o secretário-geral da Fifa disse na sexta-feira que não há um "plano B" para a Copa do Mundo de 2014 e que o evento acontecerá no Brasil, mas os torcedores podem sofrer, pois o país não tem hotéis suficientes em todos os lugares para recebê-los, com exceção de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Por sua vez, o ministro Aldo Rebelo afirmou em sua entrevista coletiva que não há razão para que o país não receba a Copa do Mundo, pois “o Brasil tem hoje a infraestrutura, a logística e a capacidade de realizar um evento dessa natureza” e a maior parte das obras dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo está seguindo o cronograma previsto.
As únicas obras que estão um pouco mais atrasadas com relação ao cronograma, de acordo com o ministro, são as dos estádios de Cuiabá, Manaus, Recife e do Rio de Janeiro. “Já as obras de mobilidade urbana, do total de 51 , a previsão continua sendo a de entregar pelo menos 42 em 2013."