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Estado de Minas

'Cenário não é bom', avisa Temer sobre aliança PT-PMDB


postado em 06/03/2012 11:23 / atualizado em 06/03/2012 11:26

O presidente em exercício da República, Michel Temer, recebe no fim da tarde desta terça-feira, em seu gabinete na vice-presidência, manifesto de deputados do PMDB reclamando do governo e do PT. "Como membro do governo farei o possível para contornar qualquer espécie de insatisfação, mas o cenário não é bom", disse Temer ao jornal O Estado de S. Paulo, ao admitir ter ouvido "as mais variadas queixas" dos partidos da base governista, inclusive o PT.

Nas últimas 24 horas, ele trocou telefonemas com toda a cúpula do PMDB, inclusive o presidente do Congresso, José Sarney (MA), e os líderes no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara Henrique Alves (RN). A um dos deputados que o procurou para avisar que assinaria o manifesto, o vice pediu calma, mas reconheceu que a insatisfação é generalizada e ameaça a tranquilidade do governo no Congresso.

A queixa maior do PMDB, expressa no manifesto, é contra "a ameaça do PT, que se prepara, com ampla estrutura governamental, para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal. O PMDB tem hoje 1.177 prefeitos e os mais alarmistas temem que esse número seja reduzido à metade.

Para a cúpula do PMDB, o que está na berlinda é a relação do governo com o Congresso e não só com o maior partido aliado. Nesse sentido, a direção partidária vê o manifesto como expressão pública de uma insatisfação geral, que vai além dos limites peemedebistas.

Nos bastidores, a reclamação mais recorrente é a da "tutela' dos ministros peemedebistas por secretários-executivos petistas". O líder Henrique Alves admite que ministros sem autonomia frustram a base e que ano eleitoral exige mais cuidado nos compromissos. Mas diz que seu partido não está pedindo cargo, e sim uma relação "mais franca e mais transparente" com o governo."Se bobear, até os petistas assinam esse manifesto".

"O problema é que a direção partidária se acomodou e o movimento é para dar uma mexida nisso. Ninguém consegue manter a força partidária e os propósitos programáticos sem sacudir esse cenário", critica o deputado Danilo Fortes (CE), um dos signatários do manifesto que vai entregar o documento ao vice hoje à tarde. "Do jeito que está não somos nem coadjuvantes. Somos figurantes de segunda linha".

Fortes faz questão de salientar que o documento não trata de barganha de cargo nem de negociação de emenda parlamentar ao Orçamento da União. "O que está em discussão é a relação com o governo e o imobilismo das nossas lideranças. Queremos sacudir o partido", insiste. Segundo ele, a preocupação maior do grupo é com o avanço da hegemonia petista.

Nesse ponto, o manifesto encontra eco no Senado. "O partido precisa sobreviver no País e tem regiões que estão sofrendo muito com o gigantismo do espaço ocupado pelo PT, o que repercute muito fortemente nas bases", diz o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB), que já levou as queixas do partido às ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

"A presidente Dilma Rousseff deu a impressão de que comandaria um governo plural, mas ao longo de seu primeiro ano na presidência, o PT acabou se tornando maior do que era no governo Lula", diz o senador.

 

 


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