Após pedir desculpas oficialmente ao governo e aos brasileiros, o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, encaminhou mais um comunicado ao governo brasileiro. Nesta sexta-feira, Blatter enviou carta à presidente Dilma Rousseff, dando sequência à confirmação da reunião feita pelo ministro do Esporte. O encontro foi solicitado após o presidente da federação se dizer “preocupado com a deterioração da relação entre Fifa e o governo brasileiro”. A visita do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, a Recife, que estava programada para a próxima semana, foi adiada e só deve ser reagendada depois do encontro de Blatter com Dilma.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em entrevista coletiva dada nesta sexta-feira, durante vistoria as obras de reforma do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro, não deixou claro se o governo manterá a solicitação de afastamento de Valcke da interlocução entre Brasil e a Fifa. Na sexta-feira, o secretário-geral disse, usando uma expressão em francês, que as autoridades brasileiras precisavam de “um chute no traseiro”, no entendimento do governo, ou de um “empurrão”, de acordo com a tradução do próprio Valcke , em relação aos preparativos para o mundial.
Aldo Rebelo disse que o governo brasileiro está aberto a receber críticas, mas que é inaceitável que essas críticas sejam feitas com “determinado tipo de linguagem”. Questionado se a permanência de Valcke será discutida durante a visita de Blatter, Rebelo não foi conclusivo. “Vamos recebê-lo para tratar de assuntos comuns, relativos à Copa do Mundo”, disse.
Entenda O estranhamento entre governo e Fifa começou na sexta-feira quando Valcke disse que o Brasil precisava de “um chute no traseiro” por causa de atrasos nas obras da Copa de 2014. A fala causou a reação de líderes do governo e do ministro, que enviou uma carta a Blatter nessa segunda-feira, pedindo o afastamento do secretário-geral das negociações com o Brasil.
O presidente da comissão especial que analisa a Lei Geral da Copa, deputado Renan Filho (PMDB-AL), classificou como “inadmissível” a declaração. Em nota, Renan Filho chamou ainda de "insultuosa, descuidada e inapropriada" a manifestação de Valcke. O presidente do Senado e do Congresso Nacional, José Sarney (PMDB-AP), também desqualificou as críticas e disse que a fala de Jérôme é uma “intromissão grosseira”