Essa “maquiagem”, conforme mostrou o Correio na edição de ontem, é alvo de contestação por parte da Receita Federal, que notificou o Senado a apresentar em 20 dias toda a documentação relacionada ao pagamento das benesses.
A decisão dos servidores do MP, de recorrer ao Supremo, foi tomada em reunião da diretoria da ASMPF, na noite de quinta-feira. “Vamos entrar no STF, mas ainda estamos numa etapa de aprimorar tecnicamente nossa ação, que deve ficar pronta semana que vem”, assegurou o presidente da ASMPF, Marcos Ronaldo de Araújo. “Os parlamentares, enquanto trabalhadores, têm de ser remunerados dentro do sistema do funcionalismo público, em que não há o pagamento de 14º e 15º salários”, acrescentou. Uma das teses que também fará parte da ação é a questão da isonomia, que está prevista na Constituição e estabelece serem todos iguais perante a lei.
Mais que 13, não
Paralelamente à ação da ASMPF, representantes de movimentos sociais de várias regiões do país também planejam entrar em campo nos próximos dias. A mobilização teve início com a criação do blog #maisque13não, lançado no último domingo. O manifesto é coordenado por integrantes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). A entidade ficou conhecida por organizar as assinaturas necessárias ao projeto da Ficha Limpa e a campanha contra os salários extras pagos pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, extintos após pressão da sociedade.
“Lançamos o blog e, desde então, estamos em contato com representantes de outros movimentos de diferentes cidades para fazermos uma ação nacional”, ressaltou Leiliane Rebouças, coordenadora do movimento em Brasília. “Sozinho, o Distrito Federal não vai conseguir fazer uma pressão que consiga repercutir no Congresso Nacional”, acrescentou.
Segundo ela, até o fim da próxima semana deve ser criada uma página no Facebook sobre o tema. Também está previsto um “tuitaço” contra o pagamento dos salários extras no microblog Twitter. Além das ações nas redes sociais, a ideia é coletar apoio por meio de assinaturas em pontos de grande movimentação das cidades. O abaixo-assinado deverá ser entregue ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
“Esperamos conseguir o mesmo número de assinaturas que tivemos para a criação da Lei da Ficha Limpa. Tivemos o apoio de 1, 5 milhão eleitores. Com certeza vamos conseguir, porque é uma imoralidade o pagamento desses salários”, disse Rebouças. Outra estratégia para chamar a atenção para o debate é a formação de uma lista com os nomes dos congressistas que são a favor ou contra o fim dos salários extras. “Vamos colocar as fotos deles nas redes sociais. Assim o eleitor poderá saber quem é quem”, alertou Rebouças.
"Os parlamentares têm de ser remunerados dentro do sistema do funcionalismo público, em que não há o pagamento de 14º e 15º salários”
Marcos de Araújo, presidente da Associação dos Servidores do MPF