O que os três – e seguramente todos os moradores da cidade – garantem é que a poeira oriunda da mineração incomoda demais. A cidade ganhou um aspecto encardido. Lugares mais degradados remetem ao passado, às cidades formadas perto de garimpos. A aparência é prejudicada pelo excesso de obras no centro da cidade, o que aumenta ainda mais a sujeira. Detalhe é que em Congonhas o serviço de limpeza urbana da cidade não usa somente vassouras, trabalha também com pá e enxada para remover a sujeira.
RESTRIÇÕES
No ano passado, CSN, Namisa, Vale e Ferros foram multadas em R$ 5,2 milhões por não cumprirem a legislação ambiental. O motivo foi a poluição atmosférica, que provocou uma nuvem de pó e minério, cobriu o céu da cidade em agosto. Cada empresa foi multada em R$ 1,3 milhão
Desde o meio do ano passado, vigora em Congonhas uma lei que multa os carros sujos de resíduos de minério que circulam pela cidade. O carro não pode ter crostas de minério na lataria e nem nas rodas. A infração é considerada média e o valor da multa é de R$ 85. Antes, em 2006, começou a vigorar a proibição do tráfego de caminhões. Além do pó de minério a movimentação também pode causar riscos ao patrimônio histórico.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou, em nota, que tem um diálogo “sólido e transparente” com os vereadores de Congonhas desde 2007, quando foi anunciado o investimento de R$ 11 bilhões. Destaca também que nos últimos oito anos a expansão da mineração aumentou em quatro vezes a receita do município. Além disso, prevê que a criação do distrito industrial pode quintuplicar a arrecadação de impostos de Congonhas. Quando tudo for consolidado, a previsão é que tenham sido criados 20 mil empregos, entre postos de trabalho diretos e indiretos.
A empresa ressalta que busca o desenvolvimento sustentável da região e que preservará a biodiversidade e as reservas hídricas. “A proposta de poligonal sugerida pela empresa aumenta a área protegida de florestas e matas de 1.019 hectares para 1.231 hectares, proporcionando maior riqueza biológica; e prevê o aumento da área tombada em direção ao Parque das Cachoeiras e a preservação das captações do Engenho, Parque das Cachoeiras e Poço Fundo”, informa a empresa.
“A CSN não vê possibilidade de sequência a qualquer projeto que impacte o fornecimento de água do município e tem discutido ativamente com a Copasa um plano racional de uso dos recursos hídricos”, garante a empresa. Também reforça que não comprometerá o fornecimento de água à população e que a criação de novas fontes vai triplicar a reserva de água renovável.
Entretanto, a empresa não deixa claro se a paisagem, que integra o patrimônio histórico da humanidade, será preservada. “Qualquer alteração no perfil das áreas da mineração só poderá ser definida depois do processo de licenciamento ambiental e com a definição da área passível de ser minerada”, informa. A CSN afirma ter elaborado cinco estudos detalhados sobre a paisagem, as reservas hídricas, a emissão de particulado (poeira), o desenvolvimento econômico da mineração e a criação do distrito industrial.