Congonhas (MG) – Todos os meses os funcionários do serviço de limpeza urbana retiram mais de 120 toneladas de pó de minério da cidade. É muita poeira, que encarde as casas, ruas, carros e paira na atmosfera, incomodando os narizes dos forasteiros e prejudicando o pulmão dos mais ambientados moradores locais. Até cães vira-latas, que correm nas ruas atrás dos carros, são mais encardidos que o normal. São quase 13h de segunda-feira. O sol é abrasador, mas em Congonhas a sensação de calor é pior. Toda essa poeira é resultante da intensa atividade mineradora de empresas como a CSN, Vale, Ferros e a Namisa (parceira da CSN). O pó se mistura à polêmica da preservação ou exploração do Morro do Engenho e aumenta a responsabilidade dos nove vereadores da cidade. Ainda mais em um ano eleitoral, quando todos os parlamentares tentarão a reeleição.
O açougueiro Camilo Lélis Silva não aprova o progresso sem limites. Natural de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, e morador de Congonhas há 25 anos, ele defende a preservação do Morro do Engenho. “É de lá que vem a água que abastece a cidade. Não pode ter mineração. As empresas já ganham dinheiro demais”, entende o açougueiro. Opinião semelhante tem a balconista Meiriele Beatriz, de 27 anos. Ela garante que vai se informar e votar nas próximas eleições nos políticos que vão defender o Morro do Engenho. “É o assunto mais comentado e acho importante defender o meio ambiente”, afirma a balconista.
Já o taxista João Matosinhos de Oliveira é favorável à mineração, mas se incomoda com o excesso de poeira. Só com limpeza quase diária consegue manter seu táxi limpo. “O Brasil daqui para frente vai ser só viga de ferro. Não vai ter mais essa coisa de tijolinho. As casas serão todas de ferro”, vislumbra o taxista. Aos 65 anos, ele assistiu à devastação de parte da serra que cerca a cidade, mas não lamenta o impacto. “A cidade tem que se adaptar à falta da serra”, entende o taxista.
O que os três – e seguramente todos os moradores da cidade – garantem é que a poeira oriunda da mineração incomoda demais. A cidade ganhou um aspecto encardido. Lugares mais degradados remetem ao passado, às cidades formadas perto de garimpos. A aparência é prejudicada pelo excesso de obras no centro da cidade, o que aumenta ainda mais a sujeira. Detalhe é que em Congonhas o serviço de limpeza urbana da cidade não usa somente vassouras, trabalha também com pá e enxada para remover a sujeira.
RESTRIÇÕES
No ano passado, CSN, Namisa, Vale e Ferros foram multadas em R$ 5,2 milhões por não cumprirem a legislação ambiental. O motivo foi a poluição atmosférica, que provocou uma nuvem de pó e minério, cobriu o céu da cidade em agosto. Cada empresa foi multada em R$ 1,3 milhão
Desde o meio do ano passado, vigora em Congonhas uma lei que multa os carros sujos de resíduos de minério que circulam pela cidade. O carro não pode ter crostas de minério na lataria e nem nas rodas. A infração é considerada média e o valor da multa é de R$ 85. Antes, em 2006, começou a vigorar a proibição do tráfego de caminhões. Além do pó de minério a movimentação também pode causar riscos ao patrimônio histórico.
CSN diz que preservará biodiversidade
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou, em nota, que tem um diálogo “sólido e transparente” com os vereadores de Congonhas desde 2007, quando foi anunciado o investimento de R$ 11 bilhões. Destaca também que nos últimos oito anos a expansão da mineração aumentou em quatro vezes a receita do município. Além disso, prevê que a criação do distrito industrial pode quintuplicar a arrecadação de impostos de Congonhas. Quando tudo for consolidado, a previsão é que tenham sido criados 20 mil empregos, entre postos de trabalho diretos e indiretos.
A empresa ressalta que busca o desenvolvimento sustentável da região e que preservará a biodiversidade e as reservas hídricas. “A proposta de poligonal sugerida pela empresa aumenta a área protegida de florestas e matas de 1.019 hectares para 1.231 hectares, proporcionando maior riqueza biológica; e prevê o aumento da área tombada em direção ao Parque das Cachoeiras e a preservação das captações do Engenho, Parque das Cachoeiras e Poço Fundo”, informa a empresa.
“A CSN não vê possibilidade de sequência a qualquer projeto que impacte o fornecimento de água do município e tem discutido ativamente com a Copasa um plano racional de uso dos recursos hídricos”, garante a empresa. Também reforça que não comprometerá o fornecimento de água à população e que a criação de novas fontes vai triplicar a reserva de água renovável.
Entretanto, a empresa não deixa claro se a paisagem, que integra o patrimônio histórico da humanidade, será preservada. “Qualquer alteração no perfil das áreas da mineração só poderá ser definida depois do processo de licenciamento ambiental e com a definição da área passível de ser minerada”, informa. A CSN afirma ter elaborado cinco estudos detalhados sobre a paisagem, as reservas hídricas, a emissão de particulado (poeira), o desenvolvimento econômico da mineração e a criação do distrito industrial.
O açougueiro Camilo Lélis Silva não aprova o progresso sem limites. Natural de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, e morador de Congonhas há 25 anos, ele defende a preservação do Morro do Engenho. “É de lá que vem a água que abastece a cidade. Não pode ter mineração. As empresas já ganham dinheiro demais”, entende o açougueiro. Opinião semelhante tem a balconista Meiriele Beatriz, de 27 anos. Ela garante que vai se informar e votar nas próximas eleições nos políticos que vão defender o Morro do Engenho. “É o assunto mais comentado e acho importante defender o meio ambiente”, afirma a balconista.
Já o taxista João Matosinhos de Oliveira é favorável à mineração, mas se incomoda com o excesso de poeira. Só com limpeza quase diária consegue manter seu táxi limpo. “O Brasil daqui para frente vai ser só viga de ferro. Não vai ter mais essa coisa de tijolinho. As casas serão todas de ferro”, vislumbra o taxista. Aos 65 anos, ele assistiu à devastação de parte da serra que cerca a cidade, mas não lamenta o impacto. “A cidade tem que se adaptar à falta da serra”, entende o taxista.
O que os três – e seguramente todos os moradores da cidade – garantem é que a poeira oriunda da mineração incomoda demais. A cidade ganhou um aspecto encardido. Lugares mais degradados remetem ao passado, às cidades formadas perto de garimpos. A aparência é prejudicada pelo excesso de obras no centro da cidade, o que aumenta ainda mais a sujeira. Detalhe é que em Congonhas o serviço de limpeza urbana da cidade não usa somente vassouras, trabalha também com pá e enxada para remover a sujeira.
RESTRIÇÕES
No ano passado, CSN, Namisa, Vale e Ferros foram multadas em R$ 5,2 milhões por não cumprirem a legislação ambiental. O motivo foi a poluição atmosférica, que provocou uma nuvem de pó e minério, cobriu o céu da cidade em agosto. Cada empresa foi multada em R$ 1,3 milhão
Desde o meio do ano passado, vigora em Congonhas uma lei que multa os carros sujos de resíduos de minério que circulam pela cidade. O carro não pode ter crostas de minério na lataria e nem nas rodas. A infração é considerada média e o valor da multa é de R$ 85. Antes, em 2006, começou a vigorar a proibição do tráfego de caminhões. Além do pó de minério a movimentação também pode causar riscos ao patrimônio histórico.
CSN diz que preservará biodiversidade
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou, em nota, que tem um diálogo “sólido e transparente” com os vereadores de Congonhas desde 2007, quando foi anunciado o investimento de R$ 11 bilhões. Destaca também que nos últimos oito anos a expansão da mineração aumentou em quatro vezes a receita do município. Além disso, prevê que a criação do distrito industrial pode quintuplicar a arrecadação de impostos de Congonhas. Quando tudo for consolidado, a previsão é que tenham sido criados 20 mil empregos, entre postos de trabalho diretos e indiretos.
A empresa ressalta que busca o desenvolvimento sustentável da região e que preservará a biodiversidade e as reservas hídricas. “A proposta de poligonal sugerida pela empresa aumenta a área protegida de florestas e matas de 1.019 hectares para 1.231 hectares, proporcionando maior riqueza biológica; e prevê o aumento da área tombada em direção ao Parque das Cachoeiras e a preservação das captações do Engenho, Parque das Cachoeiras e Poço Fundo”, informa a empresa.
“A CSN não vê possibilidade de sequência a qualquer projeto que impacte o fornecimento de água do município e tem discutido ativamente com a Copasa um plano racional de uso dos recursos hídricos”, garante a empresa. Também reforça que não comprometerá o fornecimento de água à população e que a criação de novas fontes vai triplicar a reserva de água renovável.
Entretanto, a empresa não deixa claro se a paisagem, que integra o patrimônio histórico da humanidade, será preservada. “Qualquer alteração no perfil das áreas da mineração só poderá ser definida depois do processo de licenciamento ambiental e com a definição da área passível de ser minerada”, informa. A CSN afirma ter elaborado cinco estudos detalhados sobre a paisagem, as reservas hídricas, a emissão de particulado (poeira), o desenvolvimento econômico da mineração e a criação do distrito industrial.