Mas isto não significa que o ambiente será hostil a Mantega. Ao contrário. Os líderes aliados, que só costumam chegar a Brasília no início da tarde de terça-feira, anteciparam a viagem para ontem, garantindo desde a véspera o quorum solidário dos governistas na sessão conjunta da CAE e da CCJ.
Também tranquiliza o ministro a certeza de que o PMDB, que ajudou a derrotar a presidente Dilma Rousseff na quarta-feira, rejeitando o nome de Bernardo Figueiredo para a direção da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não lhe fará qualquer ataque hoje. "Ninguém vai apontar armas para ele, não", adianta o senador Vital do Rego (PB), um dos que, na contabilidade palaciana, colaborou para a derrota da presidente. Vital é ligado ao grupo do senador Eduardo Braga (AM), nomeado ontem novo líder do Governo, no lugar de Romero Jucá (RR).
"O PMDB não será duro com o ministro, não. Ele pode vir tranquilo, porque reconhecemos nele um técnico experiente que tem feito esforço para conduzir bem a economia, embora a crise mundial exija mais a cada dia", completa Vital do Rego.
Mas a boa vontade não livrará Mantega do debate do pacto federativo e da cobrança de explicações para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) e do processo de desindustrialização que alarma governo e oposição no Congresso. O líder do PT é um dos que aponta a política industrial como fator determinante para a queda do PIB brasileiro. "O Brasil todo quer discutir isto", diz Pinheiro.
O líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), garante que, se da parte dos aliados não haverá ataques, dos independentes também não. "Vamos tratar o ministro Mantega com a maior cortesia", disse Maggi. Por enquanto, ele se qualifica de independente. Desde que a presidente Dilma tirou o PR do Ministério dos Transportes, o partido está oficialmente fora da base governista. Aguarda um ministério, prometido para este mês.