Na última sexta-feira, ao ser provocado por um artigo de Serra no jornal "O Estado de S.Paulo" em que ele criticava a política para educação do governo federal petista, Haddad disparou: "Penso que é falta de traquejo com a educação". Embalado pelo tema, o ex-ministro da Educação aproveitou na segunda-feira (12) para classificar Serra de "o mais cruel ministro do Planejamento com as universidades públicas federais". No mesmo dia, sobraram críticas ao pacote de obras de Kassab. "Há um desconforto na cidade com os últimos oito anos, mesmo que nos últimos meses se queira maquiar o que está acontecendo. Acho que o prazo é curto para se reverter a percepção que foi-se tendo em oito anos de que o tempo foi em algumas áreas perdido", afirmou.
Segundo os aliados, a decisão de partir para o ataque não passou pelo marqueteiro João Santana e tampouco foi indicada por pesquisas internas, foi uma iniciativa do próprio Haddad e do comitê da pré-campanha. O objetivo é não deixar passar a chance de criticar o arquirrival quando ela surge. "Existem problemas na cidade. O Serra virou candidato e ele deve explicações para o povo de São Paulo", justificou o vereador José Américo, um dos responsáveis pela comunicação de Haddad.
Para o deputado federal Paulo Teixeira (SP), um dos conselheiros de Haddad, o pré-candidato adota o tom certo ao fazer críticas diretas. "Haddad está rebatendo o outro candidato em sua história. Ele está dialogando com as fragilidades dele", avaliou.
As críticas, segundo os petistas, podem ajudar a marcar a posição do candidato sobre os principais problemas da cidade. "Mas não vai ser isso que vai levá-lo a crescer nas pesquisas", reconheceu o vereador. Dentro do PT, a expectativa é de que a candidatura ganhe força a partir do início do horário eleitoral, já que Haddad hoje ainda é desconhecido pelo eleitorado. "É muito difícil que ele suba significativamente (agora), não esperamos isso. Temos um imenso potencial para subir assim que ele se tornar conhecido", acrescentou.
Na opinião de Teixeira, a postura de ataque possa não deve comprometer a imagem do petista. "Ser contundente não é ser inconveniente, não é ser incorreto", afirmou. "Toda crítica consistente em cima de fatos é bem aceita pelo povo", aposta José Américo.