Se a presidente Dilma Rousseff (PT) iniciou a semana agitando o Congresso com as trocas nas lideranças do governo nas duas Casas, a novela da reforma ministerial parece não ter fim. Tudo caminha para a indicação de Brizola Neto (PDT-RJ) ao Ministério do Trabalho, mas nessa terça-feira, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse ao líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), que a definição pode acontecer até o dia 29, data em que a presidente Dilma viajará para a Índia. "Não podemos dizer que essa demora é agradável", confessou Figueiredo ao Estado de Minas.
Ideli deixou claro que "não tinham fundamento" as notícias veiculadas nos últimos dias envolvendo o deputado Brizola Neto. O Planalto praticamente decidiu a nomeação do pedetista fluminense, mas ainda tenta costurar um acordo para não melindrar demais o PDT. Figueiredo reconheceu que Brizolinha conta com o apoio do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), mas adiantou que outros nomes aparecem com mais força na bancada, como o secretário-geral do partido, Manoel Dias e o deputado Vieira da Cunha (RS).
A derrota nessa votação foi determinante para que Dilma perdesse a paciência com o PMDB e defenestrasse Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo no Senado. "Eu não posso falar pelos outros partidos e acredito nos meus senadores, que me garantiram ter votado a favor de Figueiredo, à exceção de um, por razões pessoais", disse o líder do PR no Senado, Blairo Maggi (MT).
A cúpula do PR se reuniu ontem no gabinete do deputado Valdemar Costa Neto (SP) para analisar os cenários. O partido só aceita retornar para a base se for para reassumir oos Transportes. Outra opção, aventada por interlocutores do governo, seria a legenda assumir a Agricultura. Blairo seria um dos cotados. "Essa hipótese não está em discussão", assegurou o senador ao Estado de Minas.
Cultura Com menos barulho mas igual intensidade no processo de desgaste, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, voltou a ser considerada carta fora do baralho no xadrez ministerial. Ela foi a primeira a surgir como demissionária, quando ninguém sonhava que o primeiro degolado seria o então todo poderoso chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Quase um ano se passou e Ana de Hollanda continua na berlinda. "Mesmo sendo do setor, a gestão dela foi muito fraca, mas não dá para culpá-la. Ninguém é obrigado a ser competente em tudo", resumiu um petista que milita na área cultural.
Duas opções aparecem como prováveis candidatos para a pasta. Um deles é o ex-líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), que chegou a ser cotado para a liderança do governo na Câmara antes da confirmação do nome de Arlindo Chinaglia. Teixeira é visto por militantes do setor como um especialista em "cultura digital". Outra alternativa é o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos. Uma terceira opção, vista com desagrado por alguns setores do PT, é o da atual diretora do Theatro Municipal do Rio, a cineasta Carla Camuratti.