Cresce no PT um movimento que, às vésperas das eleições internas para escolha dos delegados que vão decidir se o partido apoiará Marcio Lacerda (PSB) ou lançará candidatura própria, revela o desconforto com a presença do PSDB na aliança. Ainda que defendendo a coligação com os socialistas, o presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes, fez nessa terça-feira uma convocação às 17 chapas inscritas nas eleições de domingo para que, amanhã à noite, marquem posição em relação aos tucanos. "Queremos deixar claro que o nosso apoio é ao Marcio Lacerda e ao PSB, partido com o qual o PT tem aliança estratégica nacional. Temos muitas diferenças com o PSDB e queremos explicitá-las", afirmou Reginaldo Lopes, que lançou uma chapa de candidatos a delegado.
Segundo Reginaldo Lopes, se houver aliança será em torno de Lacerda, do PSB e de seu governo. "Nesse sentido, ela é mais natural do que a aliança de 2008, que aconteceu em torno de Fernando Pimentel (PT) e Aécio Neves (PSDB). Agora o debate é outro", argumenta Reginaldo Lopes.
Esse discurso tem ressonância na parte da militância petista que vai às urnas. Apesar de cerca de 60% das 7 mil assinaturas apresentadas pelas chapas estarem vinculadas às propostas de apoio a Marcio Lacerda, a presença formal do PSDB incomoda. Tanto que a Articulação, tendência a que pertence o ex-ministro do Desenvolvimento e Combate à Fome Patrus Ananias, aprovou a tese do apoio a Lacerda com a "recomendação" de exclusão dos tucanos. Ao mesmo tempo, o programa da Articulação enfatizou a aliança programática com os socialistas e a preferência pela promoção de coligação nas demais cidades mineiras com partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff, particularmente o PSB.
Adiamento
Diante da tensão com a presença dos tucanos na chapa mesmo entre apoiadores de Lacerda, há quem procure evitar o debate neste momento. "Essa é uma discussão que deve acontecer depois de eleitos os delegados que vão decidir no encontro municipal o caminho que o PT adotará Belo Horizonte", afirma o deputado federal Gabriel Guimarães. "É lógico que teremos de discutir isso, mas antes precisamos saber o que o PT de Belo Horizonte quer", avalia. Para o deputado, se o PT decidir apoiar Lacerda, o maior desconforto será do PSDB. "Os tucanos é que estarão apoiando uma chapa que tem o PT como vice. Eles é que têm de se explicar", rebateu Guimarães.
Nos bastidores, outros petistas também trabalham para adiar essa discussão, principalmente porque se o PT decidir reeditar a aliança com Lacerda a escolha do vice tende a ser feita depois de consultar os aliados, o que inclui o PSDB. São pré-candidatos a vice os deputados federais Miguel Corrêa Junior e Reginaldo Lopes, o deputado estadual André Quintão, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães e até nomes técnicos, como o procurador-geral do município, Marco Antônio Rezende Teixeira e o secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, entre outros.