Animados com perspectiva aberta pelo governo federal, os governadores começam a se mobilizar para obter algum tipo de concessão que reduza ou compense em investimentos o custo de suas dívidas com a União. A ideia, revelada por Tarso Genro (PT) do Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira, é promover debates até o final do primeiro semestre e esperar por uma decisão de Brasília no segundo semestre para receber o benefício no ano que vem. "Essa é a nossa pretensão, mas o tempo político é imprevisível", reconheceu Tarso, ao lembrar que a negociação iria começar em 2011, mas foi suspensa enquanto o País observava as consequências locais da crise econômica europeia.
Entre as alternativas citadas por Tarso Genro durante palestra na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) estão um rebaixamento do porcentual dos juros ou a redução do comprometimento de 13% para 9% da receita corrente líquida mensal com o pagamento da dívida, ambas com previsão de alongamento do prazo final para pagamento. Também está na pauta a vinculação do dinheiro que seria poupado a obras de infraestrutura ou programas sociais que compensariam alguns investimentos do governo federal nessas áreas.
No caso do Rio Grande do Sul, que pagou R$ 2,5 bilhões em 2011, a redução do porcentual de 13% para 9% deixaria R$ 570 milhões para o Estado investir a cada ano. Apesar de sonhar com a renegociação, Tarso evita falar em qualquer pressão sobre Brasília. "É uma discussão no sentido proativo e colaborativo com a União e não passa por infantilidades tais como não pagar a dívida ou dar uma prensa no governo federal", afirma. "A dívida está consolidada e os contratos devem ser cumpridos", reitera.
Entre os argumentos que serão levados à discussão estão as diferenças de condições entre o período da renegociação das dívidas, no final da década de 90, e os dias atuais. Tarso lembra que naquela época havia inflação alta, falta de divisas, pouco prestígio internacional do País, juros altos e escassos investimentos públicos. "Hoje em todos esses cinco itens a situação é inversa", sustenta o governador gaúcho. "Portanto, a forma com que está sendo feito o pagamento não é mais adequada ao momento histórico que estamos vivendo", complementa, afirmando que, nas novas condições os contratos se tornaram leoninos, por não reduzirem as dívidas.