O contrato fechado entre o governo do estado e a Minas Arena, vencedora da licitação para exploração do Mineirão, prevê o repasse de recursos do governo à empresa por até 25 anos, o tempo total da concessão, a partir da entrega das obras, em 21 de dezembro de 2012. Conforme o termo, caso a margem operacional da ganhadora da concorrência não atinja R$ 3,7 milhões por mês, o estado fica obrigado a pagar a diferença à empresa. O valor previsto como teto para a compensação financeira pelo estado é 8,8 vezes superior ao faturamento mensal do Mineirão (R$ 416 mil) no período em que o estádio era controlado pela Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg), conforme dados do diretor-geral da autarquia, Ricardo Raso.
A margem operacional é o lucro menos os gastos, exceto com pagamento de Imposto de Renda. Despesas que não têm relação direta com o negócio, como recebimento de seguros, por exemplo, também são excluídas da conta. O contrato prevê ainda que o estado repasse à Minas Arena R$ 400 milhões em 120 parcelas, R$ 3,3 milhões mensais, a partir de janeiro, com juros e correção. O mesmo valor foi repassado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em financiamento contratado pela empresa, e equivale a 57,8% do investimento que será feito pela concessionária nas obras de reforma do estádio, que custarão R$ 691 milhões.
Na hipótese de a margem operacional da empresa ultrapassar os R$ 3,7 milhões mensais, o valor a mais será dividido pelo estado. Mas não é o que deverá ocorrer, ao menos por enquanto, mesmo com o planejamento da empresa de gerar receita com venda de camarotes, cadeiras especiais, lojas, bares, restaurantes e o retorno ao Mineirão da feira de veículos. “Os anos de 2013 e 2014 serão atípicos por causa da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, quando a administração dos estádios no país passará para a Fifa”, prevê o sócio-presidente da Minas Arena, Ricardo Barra.
O empresário – que tem como parceiras as empresas internacionais Global Spectrum, dos Estados Unidos, e Luso Arenas, de Portugal –, acredita que o estado não ficará no negócio como um pagador permanente. “A expectativa é de que a margem operacional seja ultrapassada. Tudo será uma questão de desenvolvimento do negócio. É por isso que temos de ter os clubes do nosso lado, para maximizar receitas e logicamente desonerar os cofres públicos. Dependendo do resultado, o estado pode até deixar de pagar e passar a ganhar”, argumenta Barra.
Ineditismo O gerente Éder Sá Alves Campos, responsável pelo programa estruturador Copa do Mundo, do governo de Minas, afirma que o contrato fechado com a nova administradora do Mineirão é uma parceria público-privada (PPP) e que, por isso, o estado precisa entrar com recursos. O modelo, garante Éder, é vantajoso para os cofres públicos. “Deixamos de gastar com a manutenção do estádio e passamos a ter capacidade de investir em outras áreas”, argumenta. “Além disso, em um segundo momento haverá um legado para a sociedade, que é um estádio modernizado”, acrescenta.
Segundo Éder, outro motivo que levou o estado a colocar os recursos previstos na PPP do Mineirão foi o “ineditismo” da operação. “O governo está pagando porque é um mercado que não existe no Brasil, então existe um risco muito grande. Mas montamos um modelo em que, dependendo de como o mercado reagir, podemos até aferir um retorno superior àquilo que foi investido”, justifica o gerente.