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Estado de Minas

Amorim defende militares no Caso Curió


postado em 15/03/2012 06:00 / atualizado em 15/03/2012 06:42

Os processos contra Curió foram entregues ontem na Justiça do Pará(foto: edinaldo sousa/folha press)
Os processos contra Curió foram entregues ontem na Justiça do Pará (foto: edinaldo sousa/folha press)
O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou categoricamente nessa quarta-feira que a lei que criou a Comissão da Verdade "convalida" a Lei de Anistia, de 1979, que perdoou os agentes públicos que torturaram ou mataram durante o governo militar. Ao declarar ser favorável à criação da comissão, o ministro deixou clara a sua posição contrária à possibilidade de condenações contra militares que tenham cometido crimes durante a ditadura (1964–1985). As declarações foram feitas no mesmo dia em que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia à Justiça de Marabá (PA) contra o coronel Sebastião Curió. Ele foi colocado sob a suspeita de ter cometido cinco sequestros na região do Araguaia em 1974, época da ditadura.

“Vamos ver como a Justiça levará (o caso). Não tenho comentário sobre isso, até porque me falecem conhecimentos jurídicos para poder opinar. Politicamente, eu entendo que o Ministério Público é autônomo. Mas entendo que a Comissão da Verdade tem que ser respeitada. É importante que todos entendam que foi uma lei do Congresso Nacional. Não tem nada a ver com revanchismo”, afirmou Celso Amorim.

Ele acrescentou que a legislação “convalida e integra no seu bojo” a Lei de Anistia. O ministro da Defesa lembrou, ainda, que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou válida a anistia dada aos militares, em julgamento realizado em abril de 2010.

Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, se esquivou de comentar sua opinião sobre a possibilidade de Curió responder por supostos crimes cometidos no passado. “A minha posição especificamente quanto à Lei de Anistia é aquela que foi vencedora no STF, de que os fatos estão cobertos pela anistia”, disse. Ele acrescentou que a denúncia do MPF se baseia na tese de que os crimes são permanentes, uma vez que os corpos dos desaparecidos nunca foram encontrados, o que caracterizaria sequestro sem um desfecho. “Quer dizer que o crime ainda estaria em execução e, por isso, não seria alcançado pela Lei de Anistia, que especifica um período de tempo”, frisou. Gurgel disse acreditar que o caso chegará ao Supremo por se tratar de uma questão jurídica nova.

 

Enquanto isso, ministra comemora

O contraponto à posição do ministro da Defesa, veio da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que comemorou nessa quarta-feira a decisão do MPF de denunciar Sebastião Curió. "É claro que sou favorável (à abertura de investigação), disse a ministra, na saída da cerimônia de posse do novo ministro do Desenvolvimento Agrário. "Acredito que o Ministério Público está fazendo o seu papel", prosseguiu, evitando se prolongar nos comentários.

 

Britto na presidência

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nessa quarta-feira que o ministro Carlos Ayres Britto será o próximo presidente da Corte. Ele deverá assumir o cargo no fim de abril. Britto terá um mandato mais curto, de sete meses, pois completa 70 anos em novembro e terá que se aposentar. Apesar de um mandato menor, a expectativa é de que o Supremo julgue casos importantes durante esse período, entre eles o processo do mensalão.  Para que isso seja possível, é necessário que o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, termine a análise do caso e o libere para julgamento. O ministro Joaquim Barbosa
substituirá Britto. 

 

 


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