O presidente do PR disse que não estava disposto a criar qualquer dificuldade ao trabalho de Braga na liderança governista, seja como senador ou presidente de partido. Na tentativa de mostrar que adversários não são necessariamente inimigos ou desafetos, e que não tem mágoa pela escolha presidencial, ele disse que nos casos em que discordar do governo discutirá as questões, mas não trabalhará, olhando para o retrovisor. Afirmou ter percepção clara e visão abrangente do jogo político.
Poucas horas mais tarde, no entanto, ajudou a comandar a reunião da bancada do PR no Senado que decidiu pelo rompimento com o governo. E, ao esclarecer que aquela decisão nada tinha a ver com a escolha do novo líder, e sim com nove meses de insatisfações acumuladas com o Planalto afirmou: "Mesmo na oposição, vamos sempre tratar bem o Eduardo, compreendendo que ele tem a tarefa de ser o homem do governo no Senado". Ato contínuo, previu que Braga precisará de "muita humildade e paciência" nesta tarefa de substituir "um craque" - o senador Romero Jucá (PMDB-RR), na liderança.
Apesar de o presidente do PR e seus companheiros de bancada no Senado terem deixado a base governista, o Planalto ainda tem espaço político para tentar evitar que o rompimento se alastre para a Câmara. Foi o que disse no início da noite de ontem, da tribuna, o líder da legenda na Câmara, Lincoln Portela (MG).
"O Senado às vezes toma posições independentes. Aqui na Câmara não há um sentimento de rompimento ", disse o deputado, ao lembrar que o líder no Senado, Blairo Maggi (MT) foi convidado para comandar o ministério dos Transportes e recusou a oferta. Os deputados do PR foram previamente informados da decisão dos senadores e decidiram não acompanhar os colegas. Há um racha entre Câmara e Senado, pois os deputados reclamam que Blairo atropelou a bancada, quando recusou a oferta do ministério sem consultas ao partido. "Ele se reportou diretamente à presidente Dilma e, por isto, ela pôs o Paulo Sérgio Passos, que já havia sido ministro do partido durante a campanha eleitoral de 2010", justificou o líder Portela.