Uma agenda apreendida em buscas autorizadas pela Justiça de Minas mostra registros de supostos pagamentos a Agnelo em 2010, ano em que deixou a diretoria da Anvisa para concorrer ao governo do DF. Durante seu mandato no órgão de controle sanitário, Agnelo liberou certificados de "boas práticas" para que o Hipolabor e empresas de seu grupo registrassem medicamentos, podendo comercializá-los, e firmassem contratos com o poder público. As autorizações foram dadas a despeito do histórico do laboratório de interdições sanitárias, suspensão de medicamentos reprovados em ensaios de qualidade e processos judiciais por morte de pacientes.
O governo do DF afirma que a edição dos certificados é precedida de inspeções feitas pelas vigilâncias sanitárias estaduais. Os relatórios são checados pela área técnica da Anvisa e apenas homologados pelo diretor da área. O governador nega ter recebido repasses e diz não ter envolvimento com o grupo farmacêutico.
Ontem, a Anvisa recebeu pedido do deputado Fernando Francischini (PSDB), autor de outras denúncias contra Agnelo, para a abertura de sindicância sobre o caso. Questionada hoje, não quis explicar porque optou pela auditoria.
Na prática, uma auditoria visa a apurar a regularidade de processos ou atos administrativos. Se constatada alguma falha, pode motivar uma outra investigação para identificar os envolvidos. Já uma sindicância parte de uma suspeita de irregularidade e busca, logo, apurar causas e responsáveis.
Os dados sobre Agnelo serão remetidos à Procuradoria Geral da República (PGR) pela força-tarefa que desencadeou a Operação Panaceia, formada por Ministério Público, Polícia Civil e Receita Estadual de Minas. Também participaram o Ministério da Justiça e a própria Anvisa. A Procuradoria da República no DF já analisa a abertura de uma eventual investigação de improbidade administrativa, como informou o Estadão.