Dezesseis anos depois da emancipação, a realidade do município é outra. Nesse período, os quase seis mil habitantes ganharam um pronto-socorro que funciona 24 horas por dia, oferecendo também especialidades como ortopedia, pediatria e ginecologia, além de dois postos de saúde. Com as melhorias também na estrutura da cidade, a vida dos moradores mudou, como conta José Filho. “Minha rua não era calçada. Quando chovia, tudo virava barro. Não tinha água tratada e nem rede de esgoto. Hoje está muito melhor. Tenho três filhos e todos decidiram continuar na cidade depois que a vida aqui melhorou”, diz.
Ao contrário de muitas outras cidades emancipadas depois de 1990, Córrego Fundo não conta com a agricultura como principal fonte de arrecadação. O setor representa apenas 20% da economia local. A queima e o beneficiamento da cal é a principal atividade no município, seguida pela extração da pedra calcária. Ao todo, cinco empresas de grande porte estão instaladas na cidade, além de pelo menos outros 28 micro-empresários que fazem parte da Cooperativa dos Produtores de Cal (Cooprocal).
O prefeito Valdir Martins Ferreira (PTB) fez parte da comissão de emancipação em 1995 e afirma que a administração está ciente das necessidades do município. Uma das obras mais aguardadas é o anel rodoviário, que custará pelo menos R$ 3 milhões. Outra obra que deve ser entregue à população em até dois meses é a estação de tratamento de esgoto, em que foram investidos cerca de R$ 2 milhões.
Hoje, mais de 90% do esgoto é canalizado e praticamente toda a população conta com água tratada. Antes da emancipação, esse índice era de menos de 3%. A profissionalização da mão de obra na cidade é outra área de investimento.
Fábrica
Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cuja emancipação fará 20 anos em 27 de abril, também apresenta um resultado invejável a outros antigos distritos que se separaram. A cidade ficou com a melhor parte financeira de Mateus Leme: uma fábrica de cerveja que rende a metade do orçamento de R$ 58 milhões. “O ICMS é altíssimo, a fábrica foi fundamental para a riqueza da cidade”, admite o prefeito Antônio Adônis Pereira (PSB). O município conseguiu ainda trazer montadoras de carro e garantir um baixo índice de desemprego. Estão sendo construídas escolas e implementados projetos para a área da saúde. O prefeito, que planeja mais um distrito industrial, credita parte dos ganhos à localização de Juatuba, próxima à BR- 262 e à MG -050.
Em compensação, Mateus Leme amargou dívidas depois de perder a galinha dos ovos de ouro. No início da separação, foi difícil, mas aos poucos a economia da cidade tem conseguido se reerguer, ancorada no setor automobilístico. “Estamos pagando precatórios até dezembro deste ano”, explica o atual prefeito, Marlon Aurélio Guimarães (PDT). O orçamento é melhor que o da cidade “filha”, cerca de R$ 40 milhões, mas agora Antônio Adonis Pereira acredita que a casa esteja entrando em ordem. Das receitas, R$ 12,6 milhões chegam pelo FPM e R$ 9,8 milhões de ICMS. “No início foi difícil mas acredito que a emancipação foi importante para andarmos com as próprias pernas”, avalia.