Por enquanto, o ex-presidente está concentrado apenas nas articulações. Na quarta-feira, ligou para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para marcar um encontro esta semana, na sede de seu instituto, em São Paulo. Lula vai reiterar que deseja ver o partido com o PT na disputa municipal em São Paulo, apesar de os diretórios estadual e municipal socialista estarem completamente seduzidos pelos acenos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Esse assunto não tem discussão, o PSB vai com Haddad, essa decisão cabe ao Diretório Nacional do partido. O Eduardo só está trabalhando politicamente para que esse desfecho não rache o PSB”, resumiu um interlocutor do governador pernambucano.
Mas alguns amigos estão preocupados com o ex-presidente. O emagrecimento é visível — foram 18kg desde que o tratamento de combate ao câncer de laringe foi iniciado, em outubro. Lula demonstra irritação porque não está conseguindo falar, embora ministros tenham dito que a diminuição da rouquidão é notável. Ele também começa, só agora, a comer com mais facilidade. Esse impedimento levou-o a ser internado com desidratação. Foi a primeira das duas internações após o carnaval.
O próprio expediente no Instituto Lula está limitado. Quando deixou o hospital na semana passada, o ex-presidente expressou o desejo de despachar no instituto Lula já na quinta. “Ele mudou de ideia. Vai para lá para ficar uma, duas horas no máximo para não ficar preso em casa. Clinicamente, não é bom”, disse um assessor próximo.
Um amigo de longa data do petista reconhece que a convalescença vinha melhorando até semanas perto do carnaval, quando ainda se especulava a presença de Lula no desfile da Gaviões da Fiel. Com o veto dos médicos, ele internou-se para reidratação e para combater uma infecção pulmonar. “Lula exagerou. Quando estava internado, o quarto do hospital parecia um escritório político. Não dá, é arriscado demais”, criticou um assessor petista. Na sexta-feira, quando foi receber a última dose de antibióticos contra a pneumonia no Hospital Sírio-Libanês, Lula não resistiu e recebeu o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).