Brasília – A recuperação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está dividida entre o desejo do PT de que ele participe mais ativamente da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo e o receio dos médicos de que essa atividade política intensa traga complicações para a reabilitação do paciente ilustre. Com a alta de Lula no último dia 11, o PT chegou a se animar, apesar de os médicos terem recomendado bom senso. Sábio conselho: amigos de Lula admitiram ao Estado de Minas que ele poderia ter evitado a pneumonia dupla caso tivesse seguido as determinações médicas.
Os petistas não veem a hora de o ex-presidente entrar na campanha. Um dos coordenadores de Haddad, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, já marcou até a primeira aparição de ambos juntos: 14 de abril, durante inauguração do primeiro Centro Educacional Unificado (CEU) do município do grande ABC. “Lula é fundamental, logo ele estará conosco”, disse um dos coordenadores do programa de governo do PT, deputado Carlos Zarattini (SP).
Mas alguns amigos estão preocupados com o ex-presidente. O emagrecimento é visível — foram 18kg desde que o tratamento de combate ao câncer de laringe foi iniciado, em outubro. Lula demonstra irritação porque não está conseguindo falar, embora ministros tenham dito que a diminuição da rouquidão é notável. Ele também começa, só agora, a comer com mais facilidade. Esse impedimento levou-o a ser internado com desidratação. Foi a primeira das duas internações após o carnaval.
O próprio expediente no Instituto Lula está limitado. Quando deixou o hospital na semana passada, o ex-presidente expressou o desejo de despachar no instituto Lula já na quinta. “Ele mudou de ideia. Vai para lá para ficar uma, duas horas no máximo para não ficar preso em casa. Clinicamente, não é bom”, disse um assessor próximo.
Um amigo de longa data do petista reconhece que a convalescença vinha melhorando até semanas perto do carnaval, quando ainda se especulava a presença de Lula no desfile da Gaviões da Fiel. Com o veto dos médicos, ele internou-se para reidratação e para combater uma infecção pulmonar. “Lula exagerou. Quando estava internado, o quarto do hospital parecia um escritório político. Não dá, é arriscado demais”, criticou um assessor petista. Na sexta-feira, quando foi receber a última dose de antibióticos contra a pneumonia no Hospital Sírio-Libanês, Lula não resistiu e recebeu o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).