Mesmo com essa triste realidade, na maioria dos municípios emancipados o gasto com a Câmara não é pequeno. Em Angelândia, no Vale do Jequitinhonha, R$ 44 mil de uma receita mensal de R$ 500 mil vão para financiar o Legislativo, o que representa 3,96% do total. Os nove vereadores recebem R$ 2,2 mil cada um e a prefeita R$ 5,8 mil. Em Setubinha, no Vale do Mucuri, a relação é ainda maior: 4,5% dos R$ 500 mil de orçamento mensal vão para os salários dos nove vereadores, que recebem R$ 2,5 mil cada um e se reúnem duas vezes por mês. Ou seja, a cada mês são R$ 22,5 mil só para os parlamentares comparecerem a duas sessões. O prefeito também tem um pedaço farto desse bolo, com salário de R$ 8 mil.
Também em Patis e Serranópolis de Minas, no Norte de Minas, as reuniões são escassas. Na primeira, os vereadores ganham R$ 2,4 mil de salário por duas reuniões mensais. Já na segunda os parlamentares ganham R$2,2 mil mensais para comparecer apenas uma vez por mês. Os prefeitos de Patis e Serranópolis de Minas ganham R$ 8,5 mil e R$ 7 mil, respectivamente. Fruta do Leite, no Norte de Minas, oferece um salário um pouco menor: R$ 1.756,00 para duas sessões. O prefeito ganha R$ 6,96 mil. As câmaras contam com nove vereadores cada. O mesmo ocorre em Córrego Fundo, na Região Centro-Oeste. São nove vereadores com salários de R$ 2.050 que se reúnem para trabalhar de 15 em 15 dias.
Cota máxima A Constituição federal limita a nove o número de parlamentares para cidades com até 15 mil habitantes. Segundo a Associação Brasileira de Câmaras Municipais (Abracam), a maior parte dos Legislativos municipais costuma usar a cota máxima definida pela Constituição, tanto em número de vereadores quanto no valor dos salários. Isso significa que para cidades com até 10 mil habitantes o subsídio dos parlamentares não pode ultrapassar 20% do que ganham os deputados estaduais, ou seja, R$ 4 mil. Entre 10.001 e 50 mil habitantes, o percentual sobe para 30%.