Lima evita críticas ao presidente de seu clube - o da Aeronáutica -, o brigadeiro Carlos Almeida Batista. “Ele é um companheiro nobre e só deve ter assinado em solidariedade aos demais.” Mas diz apoiar a Comissão da Verdade. “Ela é necessária não para punir, mas para dar satisfação ao mundo e aos brasileiros sobre atos de pessoas que, pela prática da tortura, descumpriram normas e os mais altos valores militares”, diz Lima.
Lima e outros militares não concordam com a intervenção do governo nos Clubes Militares - o ministro Celso Amorim (Defesa) tentou enquadrar as entidades pelas críticas feitas à presidente Dilma Rousseff. Dizem que a reserva tem direito de se manifestar mas nenhum deles se sente à vontade em assinar um manifesto na companhia de torturadores. “Eles citam o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”, diz o professor da Unesp Paulo Cunha, pesquisador da caserna.
Segundo o professor, muitos oficiais da reserva - e, entre eles, generais - consideram que o governo foi inábil para resolver o caso dos textos dos Clubes Militares. “Esse novo manifesto mostra que o Clube Militar não é uma entidade monolítica, que há vozes discordantes.”
No novo manifesto, os capitães dizem que seus colegas da reserva não falam pelos da ativa nem mesmo por muitos dos militares que estão na reserva. Para Santa Rosa, quem está por trás do documento são “os fascistas, os saudosos da ditadura”.
“Os torturadores (militares e civis), que não responderam a nenhum processo, encontram-se ‘anistiados’, permaneceram em suas carreiras, e nunca precisaram requerer, administrativa ou judicialmente, o reconhecimento dessa condição, diferentemente de suas vítimas, que até hoje estão demandando junto aos tribunais para terem os seus direitos reconhecidos”, afirma o documento. E acrescenta: “Onde estão os corpos dos que foram mortos pelas agressões sofridas?”